A Câmara dos Deputados, composta por uma maioria de políticos golpistas e lesas-pátrias, deu aval para o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro realizar um leilão, na verdade uma entrega, da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafo. Previsto para ser realizada a venda no ano que vem, quem comprar essa grande e rentável empresa, com três séculos de atuação no país, receberá de mão beijada um grande tesouro: além de exercer o serviço de entrega de correspondências e mercadorias, a empresa beneficiada levará consigo 2.500 imóveis próprios, espalhadas nos 27 estados da federação, incluindo muitas áreas nobres, nas quais qualquer imóvel é muito valorizado.
Para enganar a população com o discurso fajuto e canalha, o governo vem desvalorizando a carteira imobiliária da empresa, que tem prédios históricos, empresarias, centenas de galpões logísticos, terrenos e milhares de agências pelo Brasil.
Como avaliar o patrimônio histórico e cultural dessa grande empresa, um patrimônio popular que deveria ser tombado, mas no governo da direita golpista ele é oferecido à venda a preço de banana?
O edifício sede da estatal, localizado em Brasília, está avaliado por baixo em R$360 milhões. Um outro prédio na capital baiana, no bairro nobre da Pituba, foi avaliado em 2016, ao ser segurado, em R$75 milhões, mas em 2019 foi posto à venda por R$248 milhões, sempre intencionalmente desvalorizado para estimular os capitalistas parasitas do patrimônio nacional.
Os Correios têm prédios que são ícones históricos em várias cidades. No Rio de Janeiro, há o importante prédio da Rua Visconde de Itaborai. Em São Paulo, o do Vale do Anhangabaú. Em Porto Alegre, o da Praça da Alfândega. Todos esses imóveis foram transformados em Centros Culturais.
Ao logo desses mais de três séculos de construção do patrimônio, o governo ilegítimo e entreguista diz não saber o valor desse acervo. Em 2019, esse patrimônio já deveria ter sido estipulado. Até o final de 2020 nada fora feito nesse sentido, numa clara intenção de sobrevalorizar a empresa para atrair o capital financeiro. Em 2013, sem ainda ter tido uma análise de sua carteira imobiliária, os Correios tiveram seu patrimônio avaliado em R$1,55 bilhão em imóveis, enquanto a empresa estipulava em R$5,23 bilhões. Assim que concluíram essa primeira avaliação em 2014, o valor subiu para R$ 5,6 bilhão (265% de aumento), um valor ainda bem abaixo da realidade. Se for realizado outro balanço, certamente o valor irá aumentar significativamente, mas ainda aquém do real valor.
Os golpistas são tão cínicos que acham que o povo brasileiro não tem conhecimento do seu patrimônio, e agora afirmam que houve uma depreciação dele ao longo dos anos. A estimativa do governo em 2020 para o valor da empresa caiu 26% em relação a 2019, mais um presente oferecido para os compradores e um ataque ao povo brasileiro.
Segundo o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Distrito Federal, Geraldo Nascimento, “depreciação num imóvel não existe. Não há desvalorização no longo prazo. Há casos de imóveis que valorizaram 100% de 2014 para cá”.
Para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social(BNDES) ainda não há um valor de venda da empresa. O projeto de privatização irá para o Senado, de onde, se aprovado sem mudanças, irá para o ilegítimo e entreguista presidente sancionar.
A Associação dos Professionais dos Correios, Adcap, está tentando barrar esse crime através da justiça burguesa. Para a associação a venda é inconstitucional. A Procuradoria Geral da República(PGR) se manifestou contra a venda integral, sendo a favor de entregar uma parte. O vice-presidente Hamilton Mourão, após a Câmara aprovar o projeto de entrega, disse que o governo estuda criar uma nova estatal para cumprir o papel dos correios no interior do país, deixando claro que a empresa vencedora não fará isso, o que é um absurdo, pois todo o interior do Brasil sempre foi integrado com os Correios, a preços acessíveis.
O governo Bolsonaro, através de seu Ministro das Comunicações, promete cobrar a universalidade dos serviços e a manutenção dos empregos, mas sabemos que o que vai acontecer, se esse patrimônio for entregue, será justamente o contrário: exclusão de boa parte do serviço no interior do Brasil, encarecimento dos serviços e enxugamento da folha salarial, reduzindo drasticamente a quantidade de funcionários(que hoje são mais de 100 mil), além da precarização das condições para exercer as atividades Brasil afora.
É preciso que todos os brasileiros saiam às ruas no próximo dia 18 para protestar e denunciar a venda criminosa do patrimônio nacional. Marcar uma greve geral e ocupar os Correios são ações fundamentais para impedir esse crime contra o Brasil.