Em mais um golpe publicitário, a prefeitura de Teresópolis atacou o direito à gratuidade do transporte público para a população idosa. A medida foi realizada com a desculpa de evitar a circulação de idosos entre 16h e 19h, período de suspensão da gratuidade. Além disso, foi estabelecido um rodízio de CPFs para uso do transporte público na cidade.
A medida adotada pela cidade da região Serrana do estado do Rio, de restrição de circulação por CPF, libera para exercício do direito de ir e ver, nos dias pares, quem tiver o documento com final par na numeração e, nos dias ímpares, CPFs com final ímpar. Comprovando seu caráter demagógico, estão excluídos das restrições trabalhadores da saúde, serviços veterinários, operários dos transportes públicos, fiscais da equipe Covid-19, cuidadores de idosos, de representação judicial e extrajudicial, de concessionárias de serviços públicos, de postos de combustíveis e, naturalmente, agentes de segurança, pública e privada.
Além destes, profissionais da educação privada, assistência social, tutores, curadores, advogados, contadores, moto-entregadores, imprensa e comerciantes da Feirarte.
Com 22.421 casos de contágios oficialmente registrados e 456 vítimas fatais da pandemia, é impossível considerar seriamente a medida quando profissionais da educação estão liberados para exercerem suas atividades. Igualmente revelador da demagogia é a urgência que leva contadores e advogados a figurarem como exceções à restrição de deslocamentos, em uma cidade de 184 mil habitantes e apenas 93 leitos UTIs, por sinal, todos ocupados.
A “solução” encontrada pela prefeitura de Teresópolis apela para a clássica política da direita, em que tudo de ruim é responsabilidade do povo. Particularmente de um suposto hedonismo popular, haja vista a insistência em se responsabilizar bares, restaurantes e atividades de lazer como os vilões do contágio.
Nenhuma discussão séria é realizada no sentido de averiguar qual a necessidade social de professores, contadores e advogados continuarem a exercer suas atividades normalmente em um quadro de pandemia descontrolada. Pior ainda, com 100% dos leitos de UTI ocupados e apenas 2.065 cidadãos vacinados – 1,14% da população do município -, por que a prioridade do poder público municipal não está nesses dois aspectos fundamentais para mitigar a crise e superar a pandemia?
Não é com medidas repressivas, com cerceamento aos direitos democráticos, que o coronavírus será superado. A segurança da população só poderá ser conseguida com a vacinação em massa da população e um isolamento social sério, que tire as pessoas de circulação e dê a elas meios de manter-se resguardadas. Medidas demagógicas como as adotadas em Teresópolis devem ser denunciadas, como a farsa que verdadeiramente são.
Após mais de um ano de pandemia, provaram-se inúteis. Mero distracionismo enquanto o genocídio segue em marcha, matando trabalhadores pobres como nunca antes em nossa história.