Estar completamente subordinado aos mandos e desmandos do imperialismo tem sido um norte para o governo brasileiro pós-golpe de 2016. Nesse sentido, pouco importa se a destruição das condições de vida do povo operário e o desmoronamento da economia nacional são visíveis no horizonte, o que realmente importa é subserviência aos países centrais do sistema capitalista. A política de preços adotada pelo Governo é mais um episódio dessa total submissão.
A Petrobras anunciou hoje (8) que o preço da gasolina, do diesel e do botijão de gás sofrerão aumento. A subida dos preços nas refinarias deve acarretar um aumento direto nos preços praticados nos postos de todo o país, a gasolina deve subir em média R$0,17 por litro e o diesel deve aumentar em média R$ 0,13 por litro. Já o gás de cozinha deve aumentar cerca de R$ 1,81 por botijão.
A política de preços desastrosas adotada pelo Governo Temer e que se mantem durante o Governo Bolsonaro apresenta, fundamentalmente, uma característica que não é adequada ao cenário econômico brasileiro: a Preço de Paridade de Importação (PPI). Tal política fez com o que desde julho de 2017 até hoje, o preço da gasolina fosse reajustado 371 vezes e o do diesel fosse reajustado 290 vezes.
Mas como funciona esse conceito de PPI? Basicamente, o preço dos produtos derivados de petróleo que saem das refinarias passam a responder à oscilações internacionais, em outras palavras, a Petrobras determina que o preço do petróleo ande alinhado aos preços internacionais que ao serem adotados em território brasileiro sofrem influência direta da taxa cambial existente entre o real brasileiro e o dólar norte-americano. Ou seja, tendo em vista que o dólar vem se mantendo valorizado frente ao real, no momento, cada dólar equivale a R$ 5,36 reais, o preço do combustível tende sempre a se manter elevado no país.
Na prática, o que se observa é o escandaloso aumento do gás de cozinha, na ordem de 130% desde 2017 e o aumento de 60% da gasolina e de 40% do diesel durante o mesmo período. Só durante o Governo Bolsonaro, o diesel já subiu 17,20%, a gasolina 37,87% e o gás de cozinha, item essencial para as famílias brasileiras, aumentou certa de 43,61%. Ainda nas consequências práticas dessa política, o que se observa é um entrave considerável para o desenvolvimento das indústrias e outras atividades produtivas no país, impactando violentamente a questão do emprego, da renda e da condição de vida das famílias.
A relação dos derivados de petróleo com setores estratégicos para o desenvolvimento nacional geram um ciclo vicioso e quase inescapável. Como desenvolver indústrias, gerar emprego e renda, reacender a economia com os preços dos combustíveis sendo reajustados descontroladamente?
A questão do preço dos combustíveis vêm levantando debates sobre as responsabilidades das esferas do poder público brasileiro, em especial, entre os governos estaduais e o governo federal. Nesse sentido, a querela entre as partes se baseia na extinção e/ou diminuição do ICMS (imposto sobre circulação de mercadoria e serviços) arrecadados pelas Unidades Federativas. O que de fato, não altera nada no cenário do preço dos combustíveis, que continuariam oscilando em função dos preços internacionais do barril de petróleo.
A resposta para a situação, mesmo com todos os dados acima apresentados, é mais simples do que parece. A extinção da PPI é fundamental para a resolução da questão, ou seja, adotar uma política de preços que considere os custos de produção no Brasil, dessa forma, não acatando os mandos e desmandos do mercado internacional que responde única e exclusivamente aos países imperialistas e suas respectivas burguesias, tornando os preços praticados no território nacional mais acessíveis.
Por fim, mais do que um problema econômico, a questão do preço dos combustíveis configura um problema de ordem política e social, tendo em vista, que os governos ilegítimos de Michel Temer e Jair Bolsonaro não possuem o menor interesse em qualquer melhoria, por menor que ela seja, na condição de vida do povo operário. Acreditar que as políticas neoliberais aprofundadas em seus governos não são o objetivo final de um golpe de Estado arquitetado pelo imperialismo é no mínimo uma análise juvenil. O que se observa na condução da Petrobras é um plano, um projeto de liquidação do patrimônio nacional e das condições de vida do povo trabalhador brasileiro. Nada que fuja do roteiro arquitetado pela centralidade do capital para os povos periféricos do capitalismo.