Um golpe militar está sendo colocado em pauta pelos militares brasileiros. Isso ficou bem claro quando, na segunda-feira (15), a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) iniciou um exercício militar no Rio de Janeiro (Quatis, Porto Real e Resende).
A justificativa para o exercício militar é uma preparação de futuros oficiais para situação de implementação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Em outras palavras, é um exercício preparatório para impor um estado de sítio.
O exercício é composto por simulações de operações de patrulhamento, bloqueio de vias urbanas, deslocamentos de tropas, inspeções veiculares, condução de presos e treinamento de tiro.
Além dos 225 militares convocados, estarão, também, o 37º Batalhão da Polícia Militar e a 100ª Delegacia Policial. Deste modo tem-se o ensaio para uma operação em larga escala para promover o controle sobre os principais centros do País.
A movimentação dos militares se dá como resultado direto da recuperação dos direitos políticos do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Como a pandemia está totalmente fora do controle, com governos federal, estaduais e municipais sem qualquer reação efetiva e a pobreza aumentando com força idêntica, a polarização se acentua e Lula acaba sendo o principal nome da classe operária.
O “efeito Lula” é visto com grande cuidado pela burguesia e seus serviçais. Seu discurso da semana anterior causou grande efeito em toda a direita como não havia em quase uma década. O impacto foi tão relevante que até mesmo nomes da frente ampla, como o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), declarou que poderia apoiar Lula caso a candidatura se confirmasse.
Lula representa, no momento atual, o nêmesis do bolsonarismo e, por conseguinte, afunda o barco da frente ampla da direita golpista e da esquerda capituladora. Por isso, a direita se mobiliza para tentar tornar Lula, mais uma vez, inelegível.
O companheiro Rui Costa Pimenta comentou recentemente na sua conta no Twitter que a fala do vice-presidente fascista, general Hamilton Mourão, de que as forças armadas aceitariam de bom grado Lula caso fosse resultado da vontade popular, é uma grande mentira. Mourão tenta enganar os mais ingênuos, que procuram em todo lugar motivos para sua passividade perene.
Entretanto, como a polarização aumenta e a população começa a se dar conta de que o estado de golpe permanente é, desde 2016, a causa de todas as suas desgraças. Isto cria uma situação explosiva.
Pode-se observar a situação do Paraguai, um país que, apesar de mais pobre, é muito menos atingido pela COVID-19. Lá, a população perdeu completamente a paciência com o governo golpista de Abdo Benítez e chegou a colocar literalmente a polícia de Assunção para correr.
No Brasil, um país mais desenvolvido do que o Paraguai e com um nome de enorme popularidade, Lula, a tendência é que a coisa seja mais agressiva ainda. Por isso, os militares já aparam arestas para impedir que a população vá às ruas exigindo Lula presidente, o fim do golpe, a reversão imediata de todas as “reformas” e pela vacinação universal, pública e gratuita.
Como dito anteriormente, a direita trabalha para cassar, mais uma vez, os direitos de Lula. Entretanto, teme que uma ação neste sentido leve a uma ampla mobilização popular puxada pelo próprio Lula.
Por isso, o exército já planeja antecipadamente suas operações para implementar um completo estado de sítio em escala nacional. Para seus patrões, a burguesia, é necessário impedir protestos e manifestações populares de qualquer natureza. É mais do que sabido que um ato de grande envergadura pode fazer o golpe cair como um vendaval ao encontrar um castelo de cartas.
Neste contexto, há a esquerda brasileira. Confusa como sempre, ela defende medidas repressivas para tentar resolver o problema da pandemia. Os direitos de manifestação da população foram cassados com o apoio da esquerda, com o pretexto da pandemia.
Em uma de suas Análises Políticas da Semana, o companheiro Rui Costa Pimenta traduziu exatamente o que se tratam essas medidas restritivas. São um assédio moral à população. E isso é verdade. A população clama por vacina e por condições mínimas de sobrevivência para si e para sua família. O estado dá-lhe, porém, apenas golpes com cacetes e balas de borracha. Fica claro onde isto vai levar.
A esquerda não entende é que a implementação de medidas repressivas se voltará, em um última instância, contra a própria esquerda. O aparato de repressão foi desenhado para garantir os privilégios da burguesia. Portanto, fortalecê-lo é, no fim das contas, fortalecer as armas da burguesia.
Portanto, a esquerda deve ouvir os anseios populares e se mobilizar ativamente, em uma aliança com o povo, e somente ele, pela candidatura de Lula, pela vacinação de todos e pelo fim do golpe de Estado e das “reformas” que colocam os trabalhadores em estado constante da mais completa humilhação.