Os candidatos oficiais de Bolsonaro para a presidência da Câmara dos Deputados e do Senado Federal são os grandes favoritos para presidirem as duas casas legislativas.
Ficou evidente que a burguesia golpista não conseguiu se unificar as bancadas dos seus principais partidos em torno do candidato de “oposição” na Câmara e, no Senado, a candidata “oposicionista”, Simone Tebet, mostra-se isolada, sem apoio majoritário até mesmo no seu partido, o MDB.
Em meio à divisão da burguesia, que não consegue pressionar devidamente os parlamentares como fizeram em várias oportunidades, o debilitado governo Bolsonaro tira proveito da negociação dos votos, em troca de liberação de cargos e verbas públicas em favor dos aliados.
Apenas nos últimos dias, por exemplo, o governo federal gastou cerca de 3 bilhões de reais destinando verbas para congressistas para que eles votem de acordo com o governo e apoiem os candidatos apoiados pelo bolsonarismo no parlamento.
O esquema também demonstra, mais uma vez, que a chamada frente ampla é uma verdadeira farsa. Partidos como o DEM, de Rodrigo Maia e Alcolumbre, são alguns dos que tiveram parlamentares beneficiados para que as eleições caminhem no sentido que o bolsonarismo deseja. Isso quando a esquerda pequeno burguesa abraça a candidatura de Baleia Rossi (MDB), apadrinhado por Rodrigo Maia e aliado de Temer, como sendo uma candidatura contrária a Bolsonaro.
A compra de parlamentares por parte de Bolsonaro, realizou-se principalmente “no atacado”, com o governo usando quantias mais vultosas para prestigiar grandes caciques políticos, que possuem uma grande influência em outros parlamentares, como Alcolumbre e até o ministro Kassab (presidente do PSD).
Uma planilha com 285 parlamentares que receberam parte dos 3 bilhões de reais em obras para votar de acordo com Bolsonaro, foi divulgada pelo jornal Estadão, na última quinta-feira, dia 28. Dentre os parlamentares, até Humberto Costa e Rogério Carvalho do PT constam como tendo recebido parte do dinheiro através de Alcolumbre, presidente do Senado. O que talvez explique a frente do PT no Senado, com o candidato bolsonarista.
A compra dos votos utilizando mais de 3 bilhões de reais em meio se dá em meio a um desastre no País em que o governo alega, cinicamente, que não tem dinheiro para investir contra a pandemia. E indica o fracasso da política de setores da esquerda que alimenta a ilusão de que uma frente com setores da direita golpista vá levar à derrota de Bolsonaro e até mesmo ao seu impeachment.
A estratégia da burguesia é, na verdade, fazer com que Bolsonaro permaneça e que se mostre forte, para que assim a esquerda sinta medo e pense que somente com alguém mais palatável para o regime, como um João Doria ou um Luciano Huck, por exemplo, seja possível disputar a presidência.
Tudo isso só demonstra o beco sem saída da política da esquerda de frente ampla com os golpistas, expressa também no apoio às candidaturas da burguesia no parlamento. Essa política só serviu para desmoralizar ainda mais os partidos de esquerda e abrir caminho para que a direita domine as duas casas sem nenhum tipo de pressão da população por fora daquilo que é o jogo político sujo tradicional da burguesia.
Para piorar a situação, o PT que argumentou que apoiaria Baleia Rossi para impedir que o candidato de Bolsonaro (Arthur Lira) se elegesse na Câmara, apoia justamente o candidato de Bolsonaro, Rodrigo Pacheco, no Senado.
