No regime capitalista, trabalhadores são apenas números, ainda mais em se tratando de ampliar os cofres capitalistas. É isso que os funcionários da Nakata Automotiva, uma das maiores fabricantes de amortecedores do país, estão sentindo na pele. A planta localizada em Diadema, região do ABC paulista, anunciou a saída da fábrica do município, depois de 65 anos.
Os patrões da Nakata anunciaram a transferência da fábrica de Diadema para Extrema, em Minas Gerais, e a demissão dos seus 225 trabalhadores. A mudança anunciada no último dia 21/01, está prevista para ocorrer até o final de março. A decisão surpreendeu trabalhadores e sindicato, que definiram por paralisar a produção e abrir negociação com a finalidade de evitar a saída da indústria.
A fabricante de autopeças Nakata, que tem história fabril de 65 anos em Diadema, possui ainda sede administrativa e centro de tecnologia e desenvolvimento em Osasco e já possuía centro de distribuição em Extrema – MG, que foi ampliado em 2019, atingindo número de 32 mil pallets, dentro da unidade, tal fato já era momento de acender o sinal amarelo para os trabalhadores de Diadema. A empresa que atende o mercado nacional e exporta para mais de 20 países das Américas, Europa, Ásia e Oceania. E como os próprios sindicalistas do Sindicato dos metalúrgicos disseram, foram pegos de surpresa, pois em todos os balancetes apresentados, a indústria nunca mostrou déficit, pelo contrário, lucros exorbitantes.
De acordo com o secretário do sindicato, Moisés Selerges: “Esta unidade sempre teve alta lucratividade, nunca falou em sair daqui e agora descobrimos que há quatro anos ela vem se organizando para deixar a cidade. Sem nenhum comunicado anterior aos trabalhadores e ao sindicato, nos chamou ontem com a decisão tomada”.
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, se propôs a negociar e ajudar a resolver problemas para manter a empresa na cidade, mas a empresa foi contundente no contrário e o representante da empresa oficializou o informe sem nenhuma abertura sequer para negociar a continuidade da planta. Em nota, a assessoria de imprensa da Nakata, publicou enrolações e conversas para “boi dormir”, na nota não falam da possibilidade de reavaliar os planos de mudança e diz que pretende negociar condições vantajosas para a dispensa dos trabalhadores.
Com o anúncio os trabalhadores da Nakata paralisaram a fábrica na última terça-feira (2) e decidiram iniciar uma série de mobilizações em defesa dos empregos. Os trabalhadores da Nakata, já tem o ensinamento recente da multinacional Ford Motor Company que anunciou o encerramento a fabricação de veículos nas fábricas da Ford de todo o Brasil ainda neste ano de 2021.
No último período, em especial relativo a necessidade de lutas contra as demissões na Ford, a “agenda” burocrática e institucional aprovada pelos sindicalistas, foi o caminho para a derrota, embora tenham dito há cerca de um Mês que teriam uma ação sindical mobilizadora, isso ficou só nas palavras, pois o que foi adotado foi a velha prática das “interlocução com Prefeitos recém-empossados, com Governadores, com os empresários, assim como na articulações com os movimentos sociais e populares, e com as entidades da sociedade civil”.
Deixando de lado, toda essa conversa fiada e confirmada de que tudo isso não dá em nada de positivo para os trabalhadores, pelo contrário, apenas a realidade das demissões em massa. E tendo como base a própria experiência da classe operária brasileira, é por demais evidente que a mobilização dos operários é a única arma capaz de impedir a demissão em massa, fome e miséria para os trabalhadores e suas famílias. Com tais lições de que a política de negociar e realizar greve com os trabalhadores em casa não dá resultado, os trabalhadores da Nakata devem ocupar a lucrativa fábrica da Nakata para exigir a manutenção dos empregos na planta de Diadema.