Os trabalhadores estão sendo massacrados. A burguesia demitiu em massa desde o início da pandemia, a partir do final do ano passado os mais pobres estão totalmente sem renda, sem auxílio emergencial e com reduzida condição de procurar meios alternativos em vista dos incertos e despreparados isolamentos sociais (lockdown) impostos sem que a população tenham alguma contrapartida real.
Um dos reflexos desta situação é por exemplo o aumento do endividamento dos que têm algum acesso ao crédito. Em dezembro do ano passado o comprometimento da renda das famílias brasileiras com dívidas bancárias chegou a 31,1%, pico da série histórica, o endividamento total das famílias atingiu o recorde de 56,4% segundo o Banco Central.
O auxílio emergencial do ano passado segurou um pouco esse processo, mas neste ano o desastre é certo. Até agora a inadimplência bancária está aparentemente controlada, isso porque o Banco Central considera como inadimplência os atrasos nos pagamentos superiores a 90 dias.
Sem renda para se manter, trabalhadores também enfrentam o aumento generalizado dos preços e do custo de vida e a inflação tem crescido assustadoramente. O índice usado para calcular os reajustes de aluguel, O IGP-M, da Fundação Getúlio Vargas, acumula alta de 31% nos 12 meses até março. A inflação oficial divulgada pela imprensa parece baixa, mas já superou os marcadores considerados críticos pelos economistas burgueses.
A inflação real dos trabalhadores, a que interessa para a sobrevivência, já passou do nível suportável. Os alimentos subiram, na média em 2020, o percentual de 15,02%, segundo a Associação Paulista de Supermercados, com as carnes subindo até 31,5%, os legumes 24,7% e frutas mais ainda, Laranja (49,6%), maçã (66,3%) e banana (23,1%).
Sem renda, com preços altos e descontrolados, hoje são 117 milhões os brasileiros em situação de insegurança alimentar, que não se alimentam como deveriam, como informa a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan). Nos últimos anos a insegurança alimentar grave deu um salto. De 10,3 milhões de pessoas passando fome em 2018 passou para 19,1 milhões de pessoas que estão passando fome em 2021.
Com a desculpa de conter o avanço do coronavírus, os governos e organizações de saúde burgueses impõe de forma precária o chamado lockdown em várias regiões. Estão sendo fechadas várias empresas de serviços e as empresas mais afetadas demitem os trabalhadores. Mas sem renda e vendo sua família passar fome, os trabalhadores têm aceitado condições de superexploração de sua mão de obra, sem a garantia dos direitos trabalhistas e sem qualquer proteção à sua saúde. O transporte público continua lotado e o controle de higiene é indevido em quase todas as empresas que abrem.
Os patrões pressionam para que os trabalhadores que ainda não foram demitidos trabalhem mais, mas o governo dos patrões, que se formou a partir do golpe de 2016, primeiro o Temer, agora o Bolsonaro, cortaram direitos para aumentar os lucros, mas não aceitam garantir os empregos e a renda dos trabalhadores. Sem renda, com inflação alta, a morte chegam por todos os lados.
Esse genocídio das massas trabalhadoras é o maior do mundo e vai continuar. Agora em abril começa o pagamento de uma ajuda miserável, para um terço dos que receberam o auxílio no ano passado. É por isso que especialistas estão informando que até julho o Brasil terá batido o recorde de 500 mil mortos.
E dizem mais, para esses especialistas e para o Conselho Nacional de Saúde (CNS), 70% das mortes registradas no Brasil poderiam ter sido evitadas se o governo, controlado pela burguesia, não tivesse deliberadamente agido contra os trabalhadores, boicotado a compra e a produção nacional de vacinas, restringido o auxílio emergencial e provocado o desemprego em massa. Isso não tem outro nome, é genocídio.