Atualmente, no Brasil, mais da metade da população de 214 milhões está em algum nível de insegurança alimentar, e quase 10% em situação de fome grave.
A insegurança alimentar grave é caracterizada pela impossibilidade de comer durante o dia inteiro ou ficar dias sem comer e a insegurança alimentar moderada significa que a pessoa está preocupada ou incerta sobre o possível acesso aos alimentos ou se a qualidade dos alimentos que ela pode ter acesso está comprometida.
O país que, em 2014 recebeu elogios quando o relatório global da fome feito pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) revelou que o número de brasileiros desnutridos havia reduzido em mais de 80% entre os anos de 2002 a 2013 devido aos esforços conquistados pela campanha do “Fome Zero”, que fez da erradicação da pobreza extrema e da fome a pedra fundamental de suas políticas sociais e econômicas, agora se encontra novamente inserido ao mapa mundial da fome.
De acordo com a FAO, nos últimos anos, a insegurança alimentar cresceu mais rápido na América Latina do que em qualquer outra região do mundo, passando de 22,9% para 31,7%. Esta situação coincide com a intensificação da política imposta pelo imperialismo nos últimos anos nos países latinos. No último relatório da FAO, deste ano, a situação brasileira deteriorou-se substancialmente nos últimos quatro anos.
Uma pesquisa feita pela Rede PENSSAN em março de 2011 assinala que cerca de 116 milhões de brasileiros, mais ou menos 54% da população, enfrentaram algum nível de insegurança alimentar no último ano.
Outra pesquisa, feita pelo Instituto Data Favela, aponta que quase 70% dos moradores de favelas não têm recursos para comprar comida diariamente e que 93% não têm nenhum dinheiro guardado.
Ao assumir a presidência da República, uma das primeiras medidas do presidente Jair Bolsonaro foi a extinção do CONSEA (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), órgão que promovia um espaço de consolidação da participação da sociedade nas políticas voltadas à promoção de sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis e de defesa de uma agenda da administração pública que defendia os cidadãos da violação do direito humano à alimentação adequada.
É sabido por todos que, para se ter uma alimentação adequada, devemos consumir alimentos variados, privilegiando os alimentos in natura e minimamente processados e evitar o consumo de alimentos ultraprocessados. No entanto, o que vem ocorrendo é o inverso disso.
Segundo as expectativas da Abimapi, o miojo deve ser o prato principal de milhares de famílias brasileiras nos próximos meses.
Com a constante alta no preço dos alimentos, boa parte da população brasileira, para não morrer de fome, tem sido obrigada a se alimentar prioritariamente de macarrão instantâneo, alimento produzido com grande quantidade de sódio, gordura e conservantes, sem valor nutricional, que não deve ser ingerido, em hipótese alguma, todos os dias, muito menos por crianças.
Exames feitos com 10 marcas de macarrão instantâneo brasileiras mostrou que a maioria delas possuía mais sódio em um pacote do que o recomendável para o consumo de um adulto no dia inteiro. O consumo frequente desse produto causa diversos males como aumento da pressão arterial, problemas cardíacos, colesterol ruim, comprometimento renal, aumento de peso, avc e diabetes.
Alimentos ultraprocessados, em geral, são mais baratos do que frutas e vegetais frescos. Ingerir esses alimentos pode significar que sua necessidade diária de calorias seja satisfeita, no entanto, faltam nutrientes essenciais para manter seu corpo saudável e com bom funcionamento.
É possível ainda que a situação agrave-se ainda mais e o miojo e demais alimentos ultraprocessados tornem-se alimentos de luxo, pois o que temos acompanhado são milhares de pessoas sobrevivendo do consumo de ossos de boi descartados pelos açougues.
Enquanto isso, o plano de combate à fome do ministro da Economia, Paulo Guedes é servir restos de comida que sobrarem dos pratos de restaurantes para a população faminta. Ou seja, um verdadeiro desprezo frente às vicissitudes da massa falida.
A fome é uma questão seríssima no Brasil e deve ser combatida com um programa de esquerda, do movimento operário, com a exigência de auxílio emergencial de pelo menos um salário mínimo por pessoa; redução da jornada de trabalho a fim de combater o desemprego; estatização das empresas; uma reforma tributária que faça com que a burguesia pague os impostos no lugar dos pobres e a derrubada do regime golpista que é impulsionado pelo imperialismo.