O governador de São Paulo, de João Doria (PSDB), decretou fase vermelha em todo o estado a partir da zero hora deste sábado (06). Além desta medida o governo já havia decretado um toque de recolher que vigora das 23 horas às 5 horas. As medidas justificam-se, segundo o próprio governo, para conter o avanço da pandemia e o colapso do sistema de saúde estadual e das prefeituras do estado que se encontram todas com alto nível de ocupação, sobretudo as UTIs dedicadas ao tratamento da Covid-19.
As medidas do governo não passam de um subterfúgio para encobrir sua incompetência e displicência criminosa em relação a doença que assola o país, um jogo de cena para enganar a população, já efetividade no que se propõe é mínima, diferentemente do custo social e econômico que é alto.
A fase vermelha, que vigorará deste dia 06 até pelo menos o dia 19 de março, permite apenas o funcionamento dos serviços essenciais, que são aqueles, além dos óbvios, como os provêm atendimento médico e alimentação, também aqueles que setores capitalistas com força suficiente impõe, como é o caso das escolas, que seguem abertas. O governo justificou a medida como um ato de guerra contra a doença.
Segundo o governo, um dos fronts desta batalha será realizado por voluntários. O governo espera que profissionais da saúde se voluntariem para o combate contra o vírus, para isso contam com o auxílio do Conselho regional dos profissionais da saúde, como os Conselhos regionais de Medicina, de Enfermagem etc., para promover o recrutamento.
Ao anunciar as medidas, na sexta-feira (05), o Secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou que:
“Estamos em guerra. Diferente das guerras que costumamos ver nos filmes, que as nossas gerações não viveram, com tiros, bombas, mortos espalhados pelas ruas, nós temos isto acontecendo nos hospitais”
Ainda segundo o mesmo:
“Guardem essa informação: a cada dois minutos, três pacientes no Estado de São Paulo são internados, seja numa UTI seja numa enfermaria. E as ocupações de leitos de unidades de terapia intensiva ocorrem, em média, 130 novas admissões por dia”. […] “Nós precisamos agora do apoio dos conselhos de classe, do Conselho Regional de Medicina, do Conselho Regional de Fisioterapia, do Conselho Regional de Enfermagem para que nos ajude com voluntários. Nós precisamos de ajuda, porque estamos em guerra.”
Toda política do governo é um faz de conta, usando a alegoria militar utilizada pelo governo, para sensibilizar a população para sua ação, deveríamos dizer que se trata esse se trata de uma tropa auxiliar do inimigo infiltrada, cuja estratégia tem por finalidade a derrota daqueles que diz defender.
O governo de João Doria, seguindo os preceitos do bolsonarismo, não fez absolutamente nada de efetivo para conter a pandemia nesse ano de crise. Não houve um investimento massivo na testagem da população e acompanhamento e monitoramento dos casos, não houve campanha de esclarecimento e informação, não houve reforço maciço na estrutura do sistema de saúde, com abertura de hospitais especializados, leitos e a contratação de todo o pessoal necessário, não houve a distribuição de material sanitário permanentemente de combate a infecção. Absolutamente nada.
Se um indivíduo contrai o vírus nada acontece, está sozinho; um planejamento sério, no mínimo, ao detectar um caso promoveria o isolamento do indivíduo e seu tratamento, assim como o monitoramento de possíveis casos testando e isolando, se preciso for, testando todo o núcleo próximo ao indivíduo infectado. Mas nada disso e de muitas outras coisas que deveriam ser feitas, ocorreram.
A única coisa que Doria, o BolsoDoria fez, foi a política de isolamento social fajuta, feita de maneira estúpida e ditatorial, sem dar as condições materiais para a população permanecer em isolamento. É evidente que se o governo tivesse se comprometido e investido no combate ao vírus a situação nunca chegaria onde chegou, em São Paulo com mais de 60 mil mortos e mais de 2 milhões de infectados.
A situação dramática que vivemos hoje é responsabilidade direta da política de Bolsonaro e dos governadores, capitaneada por João Doria, do ponto de vista prático é a mesma política, com apenas algumas nuances ideológicas. O governo, mesmo diante de todo esse massacre e da tragédia que se avizinha, há especialistas que afirmam que o número de mortos pode dobrar nos próximos meses, permanecendo na mesma política genocida de ignorar o vírus ao mesmo tempo que tenta enganar a população.
É o caso dos voluntários, o que o governo afirma objetivamente é que não investiu e nem vai investir nada na contratação do pessoal necessário a uma política de combate ao vírus, assim apela para a solidariedade das pessoas, instando-as a arriscarem suas vidas, trabalhando de graça, para tentar salvar alguma vida. O governo mesmo mostra que não está disposto a investir para salvar ninguém.
O cinismo de Doria não deixa nada a dever para Bolsonaro, e no que diz respeito ao mal que fazem ao povo brasileiros, estas figuras pelo menos se equiparam. Bolsonaro tem por política ignorar a pandemia e permitir que o povo morra à míngua. Doria é partidário da mesma política, mas não o diz abertamente, criou um fantasia de que seria um combatente do vírus, um governante responsável e “científico”, embora não tenha feito nada nesse sentido, para diferenciar-se de Bolsonaro, adotou a política de lockdown sem dar as condições que quase leva a população a morrer de fome ao mesmo tempo que leva à bancarrota uma série de pequenos negócios.
Mais uma vez Doria lança mão desta mesma política e da mesmo forma, sem dar as condições necessárias ao isolamento social, que deve ser feito por um período determinado, com a paralisação de todos os setores, excetuando os realmente essenciais, com as condições necessárias para a população e os pequenos negócios, com auxílio emergencial que atenda as necessidades básicas do povo, nesse período tem ser tomadas medidas de contenção, como vacinação acelerada, testagem em massa etc. A fase vermelha de Doria não tem nada disso; não resolve problema nenhum. Apenas abusa do sentimento de solidariedade da população ante o genocídio para propor a utilização do trabalho grátis e ainda passar por combatente contra o vírus, quando suas ações revelam que ele mesmo é um verdadeiro genocida.