Quando a direita “científica”, representada principalmente pelos governadores, em especial o do Estado de São Paulo, João Doria, começou a fazer a propaganda de que iria vacinar todo mundo, surgiu o debate sobre a obrigatoriedade da vacina. A medida antidemocrática e criminosa chegou a ser apoiada por setores da esquerda. A medida, afinal era absurda: a esquerda e o povo não tinham que dar esse poder para o Estado, a obrigação do Estado seria a de convencer o povo da importância de tomar a vacina e de garantir seu fornecimento.
A situação hoje mostra que a vacinação era uma farsa: não tinha vacina na época e não tem até agora, era tão somente propaganda. E pior: a esquerda que queria obrigar o povo a se vacinar não denuncia que não tem vacina.
Em seu discurso no Sindicato dos Metalúrgicos, o ex-presidente Lula falou que, se fosse presidente, tinha aberto um comitê de crise. Trata-se de uma coisa óbvia, que deveria ter sido feita no início da pandemia pelo governo federal e pelos governadores, mas também pela oposição, pela esquerda, pelos partidos e sindicatos, de modo a intervir diante desse momento dramático, agravado pelo descaso total das autoridades. Em um certo sentido, é um pouco tarde pra fazer isso, porque a coisa está totalmente fora do controle e a questão chave é justamente a vacinação, que seria a coisa mais eficaz a se fazer no momento. Contudo, não há sinal algum de que haverá vacina para o povo…
O sentimento repressivo no interior da burguesia e das classe médias brasileira durante a campanha histérica a favor da obrigatoriedade da vacina, seguido do fato de que os golpistas esqueceram de comprar a vacina para vacinar uma parcela mínima da população, mostra uma das características centrais da política brasileira: punir primeiro, resolver os problema depois. E a esquerda continua colaborando para o clima repressivo, como no caso do lockdown, colocando a culpa no povo, ameaçando etc. Isso tudo serve pra esconder que os governos não estão fazendo nada. A esquerda nunca poderia defender esse tipo de coisa, a esquerda deve sempre defender que as pessoas sejam convencidas de uma determinada política e que o Estado garanta a resolução dos problemas, não reprima as pessoas.
Neste sentido, é preciso lutar pela vacinação em massa, para que haja vacina para toda a população, de todas as categorias, faixas etárias, etc., contra a política criminosa dos governos da direita de “economizar” gastos com a população para salvar os capitalistas. A vacinação e tudo que diz respeito a ela precisa ser colocada sob o controle das organizações populares e dos trabalhadores do setor de saúde. É preciso quebrar a patente da vacina e garantir sua produção em larga escala em território nacional, por meio da estatização da indústria farmacêutica para colocar o interesse da população acima da defesa dos lucros dos grandes monopólios da indústria farmacêutica.