O dia 18 está próximo e com ele será marcado o quinto dia nacional de mobilização pelo Fora Bolsonaro. Contudo, desta vez uma importante mudança foi realizada, junto a manifestação a nível nacional, os servidores publicos irão realizar uma paralisação geral levantando suas principais bandeiras, contra a privatização, contra a reforma administrativa e em defesa dos direitos trabalhistas.
Trabalhadores se unem à mobilização
Esta mobilização em conjunto com os trabalhadores muda o panorama geral dos atos pelo Fora Bolsonaro, e destaca assim uma crescente radicalização política da classe operária que vem sendo absorvida pelo movimento geral. Contudo, se por um lado o movimento da claros sinais de crescimento e radicalização à esquerda, por outro os partidos defensores da frente ampla na esquerda se colocam cada vez mais na terefa de um forte boicote ao movimento.
Há duas semanas foi realizado uma reunião da Frente Fora Bolsonaro onde, inclusive havia sido plantado na imprensa golpista com informações vazadas por partidos como PSOL e PCdoB, que afirmava que atos não ocorreriam no mês de agosto, e voltariam apenas no dia 7 de setembro, pois o movimento precisaria de um “descanso”. Contudo, nesta reunião do dia 30, a CUT se posicionou junto ao Partido da Causa Operária convocando atos jato com a greve dos servidores públicos.
Por mais que na reunião teria havido um consenso em torno do dia 18, logo após seu término as demais organizações sindicais decidiram ignorar o chamado e anunciar apenas o ato do dia 7. Destacou-se assim que há claramente uma política de sair das ruas e paralisar as manifestações. Os militantes estão sendo confundidos sobre os atos, seja a respeito da sua existência ou até mesmo dos locais, como em São Paulo, que a tradicional Avenida Paulista foi alterada para a Praça da República, sem qualquer aviso.
É preciso destacar que uma parcela das direções quer acabar totalmente com os atos.
Mas afinal, qual o motivo desta política de boicote?
Recapitulando o último período é perceptível que conjunto da esquerda pequeno-burguesa se posicionava contrária a mobilização nas ruas dos trabalhadores. Ao contrário da posição do PCO que desde o primeiro momento defendeu a continuidade de atividade política como algo fundamental, o restante da esquerda via a pandemia como questão de primeiro plano, acima dos problemas políticos. Contudo, a situação social tornou-se cada vez mais explosiva ao passo que a crise em torno da pandemia se desenvolvia rapidamente. A esquerda por fim não podê conter a mobilização, foi obrigada a seguir o movimento que explodia nas ruas de todo país mesmo a contragosto.
O principal problema para estes setores é a política de frente ampla. PCdoB, PSOL, entre outros, são grandes defensores da política de aliança com a burguesia, e nas manifestações mostrou ser totalmente inviável realizar está política. Dentro da mobilização o repudio a aliança com a burguesia se mostrou enorme, sobretudo nos últimos dois atos, o que levou estes partidos a buscarem esvaziar as manifestações, para assim poder levar a frente sua política direitista.
O PT e a CUT, por outro lado, mesmo tendo a maioria de sua militância contrária à esta política não se coloca na devida posição de vanguarda da mobilização, permitindo uma forte desarticulação. Este problema da frente ampla inclusive é bem visível em torno do ato do dia 18. Ao se unir com os trabalhadores a mobilização trouxe revindicações fundamentais dos servidores públicos como a luta contra as privatizações, os ataques aos direitos trabalhistas, etc. Todas esses ataques, são, contudo, apoiados pelos partidos membros da frente ampla, como o PSDB, PDT e PSB, que votaram a favor das privatizações e dos ataques feitos aos trabalhadores.
Pela prática foi demonstrado que a única forma de expandir o movimento não é se juntando com a direita, mas sim com os trabalhadores. Se os defensores da frente ampla assim se colocam na defesa da aliança com a direita, os mesmos não conseguirão, como é visto na grande parcela do PCdoB por exemplo, se colocar junto a mobilizações, pois os interesses dos trabalhadores são diretamente antagônicos com a dos setores que estes partidos se aliam.
É necessário estar ao lado dos trabalhadores
Não participar do ato do dia 18 é uma traição aos servidores públicos, aos trabalhadores que vem lutando contra as privatizações e o ataque aos direitos trabalhistas. Neste mesmo ritmo, estes partidos da esquerda levam a uma dispersão da mobilização para o dia 7 de setembro também, buscando colocar a reboque do chamado “Grito dos excluídos”, organizado pela igreja católica, e sem convocar diretamente um ato pelo Fora Bolsonaro.
Caso esta política seja levada a frente, o movimento sofrerá mais um golpe dos articulistas da frente ampla, o que mostra que os principais responsáveis pela sucesso ou não dos atos não será a “vontade popular” como destacado por estas organizações em entrevista à Folha de São Paulo, mas sim a ação dos dirigentes do movimento. Estas mobilizações inclusive, foram as maiores representações da crescente insatisfação popular, onde mesmo contra a vontade da esquerda o povo foi as ruas, dia após dia em um intenso movimento. O último dia 24 por exemplo, que foi atacado com intensidade pela imprensa burguesa, conquistou um recorde onde mais de 500 cidades ocorreram mobilizações, o maior número até então.
O dia 18 não seria diferente se não fosse a ação destes grupos. No entanto, é importante destacar que a data permanece como um dia fundamental e crucial da mobilização dos trabalhadores. Por isso, o Partido da Causa Operária denunciou oficialmente o boicote à manifestação, exigindo diretamente em reunião da Frente Fora Bolsonaro uma reposta à altura das demais organizações, que se coloquem na devida convocação do movimento. E assim, mantendo em ritmo acelerado a convocação para todo país, o partido irá se colocar ao lado dos servidores públicos em uma grande movimento pelo Fora Bolsonaro, contra as privatizações e contra a reforma administrativa.