Depois de um longo hiato de mobilizações por parte da esquerda, que esteve “presa” em casa durante todo esse período de pandemia, este dia 29 de maio viu uma importante mudança na situação política por parte dos movimentos populares. Em todo o país, ocorreram diversas manifestações e todas elas consideravelmente grandes. A maior de todas, no entanto, foi a ocorrida em São Paulo, na Avenida Paulista.
O ato foi tão grande que é até difícil estimar o número de pessoas, mas o órgão Brasil de Fato afirma que havia por volta de 80 mil pessoas na manifestação de São Paulo. Ainda que não seja totalmente precisa a estimativa, é evidente, pelas fotos e vídeos, que se trata de um ato com dezenas de milhares de pessoas.
A concentração do ato se iniciou no vão do MASP, a partir das 16 horas. Rapidamente, milhares de pessoas chegaram ao local e ali começaram as falas dos carros de som. É preciso saudar o fato de que todas as lideranças que ali se pronunciaram, se deram conta da importância da saída do povo às ruas. O discurso do companheiro Antônio Carlos, da direção nacional do PCO, foi particularmente contundente nesse sentido, ele afirmou:
Eu queria saudar aos companheiros que hoje estão na rua furando a bolha! Hoje, em todo país, nós estamos com mais de 100 mil pessoas na rua. Estamos deixando para trás a recomendação estúpida da direita, que era para a gente ficar em casa. Ficar em casa, só na hora de protestar. Porque os metroviários estão na rua trabalhando, os companheiros dos Correios estão na rua trabalhando, os metalúrgicos, os companheiros da construção civil (…)
Apesar de as colocações das outras lideranças serem mais conservadoras – Guilherme Boulos afirmou que “não gostaria de estar na rua nesse momento de pandemia”, o fato de o ato estar ocorrendo, e de ter sido convocado pelo conjunto da esquerda, é uma declaração concreta da vitória da política defendida desde o princípio pelo Partido da Causa Operária.
Durante as falas, havia uma grande empolgação vista nos participantes, um destaque para a bateria Zumbi dos Palmares, que estava com formação bastante grande, e embalava as palavras de ordem gritadas pelos manifestantes.

Após 2 horas de discursos, o ato saiu em passeata pela Avenida Paulista, em direção à Praça Roosevelt. Durante o trajeto, o PCO caminhou com suas faixas, estendendo, inclusive, a gigantesca faixa “Fora Bolsonaro”, de 300 metros quadrados, que sempre faz sucesso em manifestações como essa. A bateria Zumbi dos Palmares continuou com empolgação e o bloco do PCO e dos comitês de luta fez uma bonita passeata com suas faixas, bandeiras e militantes cantando a palavra de ordem dos atos.
O final da manifestação se deu na Praça Roosevelt, mais ou menos às 19:30. Não houve incidentes particularmente notáveis de repressão por parte da polícia e toda a atividade foi um grande sucesso e uma vitória dos movimentos populares.



Durante a caminhada, foram tomados por volta de 10 quarteirões da Avenida Paulista, nos dois sentidos, o que dá uma ideia do tamanho gigantesco da manifestação, que superou em muitas vezes o ato Bolsonarista realizado no 1º de maio, no mesmo local.
Os atos em todo o Brasil e o gigantesco ato em São Paulo foi uma vitória da política defendida pelo Partido da Causa Operária e por outros setores mais avançados da sociedade. Foi uma vitória do militante, daquele que não é dirigente e nem deputado, e que luta no dia-a-dia contra a direita. No momento atual, é preciso continuar com as mobilizações e o povo não pode sair das ruas. Neste dia 29 de maio, a política falida do “Fica em casa” teve sua morte e sepultamento declarada pelo povo nas ruas.
As previsões de que havia uma grande disposição para a luta por parte da população se provaram acertadas. O povo não aguenta mais viver sob um governo golpista que promove o genocídio da classe trabalhadora dia após dia. Além disso, não dá mais para usar a pandemia como desculpa, isso ficou para trás. Apesar da imprensa capitalista ter feito uma campanha de que teria havido uma grande aglomeração por parte das forças populares na Avenida Paulista, isso é um discurso de derrotados, além de ser uma campanha extremamente cínica. Todos sabem que a população está toda nas ruas, todos os dias, trabalhando e se aglomerando nos precários transportes públicos de São Paulo.
Nesse momento, é preciso deixar de lado a preocupação com a opinião da direita e da burguesia que domina os meios de comunicação, e continuar com as manifestações. O povo precisa se manter nas ruas porque se a primeira das manifestações já teve um tamanho desses, as próximas a serem convocadas prometem ser muitas vezes maiores, e apenas isso pode botar o governo abaixo. Hoje foi possível constatar que o povo brasileiro é tão combativo quanto o chileno, o colombiano ou o boliviano, que também saíram às ruas contra os seus governos direitistas.
Nesse sentido, o Partido da Causa Operária e os Comitês de Luta convidam todos a participarem do ato nacional convocado para o dia 3 de julho, também na Avenida Paulista. A luta não pode parar até que o regime golpista de conjunto seja levado abaixo, e o povo nas ruas tem plenas capacidades de fazer isso.