A crise hídrica, que afeta o fornecimento de água e de energia elétrica, está sendo comentada há meses. Isso acontece por falta de investimentos do governo no setor, pelas privatizações, em que as empresas não investem por ser muito custoso e o tempo de retorno dos investimentos serem de longo prazo. Preferem investir no mercado financeiro que dá mais lucro e em menor tempo, comparado com investimentos na expansão da produção. Essa lógica não condiz com as necessidades dos consumidores e nem mesmo das empresas de conjunto.
Quando falta energia elétrica, as máquinas ficam paradas e a produção diminui. O comércio e os serviços não funcionam pois dependem também de outros tipos de máquinas, como os computadores, telefones, internet e caixas para pagamento e recebimento de vendas, boletos e faturas. Lembremos que quase tudo hoje depende de energia elétrica.
E quando ela é cara faz os preços se elevarem causando mais inflação. Preços mais caros resultam em menor consumo que por sua vez leva à menor volume de produção nas empresas, aumentam as demissões e a economia vai parando por causa desse círculo vicioso.
Tudo isso leva a queda do PIB (Produto Interno Bruto), tudo que é a soma do que é produzido no país. Especialistas já dizem que os baixos níveis dos reservatórios das hidroelétricas são os piores em 91 anos, o que aumenta consideravelmente a situação dos trabalhadores, com aumento do desemprego, com o risco de ficar novamente sem energia elétrica, com aumento das tarifas de energia, etc.
Mas isso não é de agora, já passamos por racionamento severo em 2001, com apagões generalizados no país, mais recentemente, no final de 2020 quando a empresa privatizada Equatorial no Amapá deixou o estado por trinta dias sem eletricidade e nem mesmo as bombas de combustíveis podiam funcionar. Um verdadeiro caos que agora tende a se generalizar para todo o país e em especial no sudeste e centro oeste.
Não é à toa que acontece isso, é tudo reflexo da política neoliberal impulsionada pelo governo FHC de 1995 a 2002, com privatizações, corte de gastos do estado, deterioração dos serviços públicos de saúde, educação, transportes, etc.
Essa política impera ainda hoje, e a conta dessa política é paga sempre pela classe mais desfavorecida, os trabalhadores, sem que a burguesia participe do prejuízo. Ao contrário, durante as crises ela aumenta seus ganhos.
O atual governo está privatizando a Eletrobras, responsável pela produção de cerca de 40% da energia consumida no país, pela bagatela, transferindo para o setor privado os recursos de toda a sociedade por 23 bilhões, sendo que só em caixa a empresa tem 20 bilhões de reais, fora todo o patrimônio em máquinas, instalações, etc.
Ainda foi criada a nova tarifa, a Bandeira de Escassez de Energia, que acrescenta pelo consumo de 100 Kwh o valor de R$ 14,20, novamente pesando no orçamento já minguado da classe trabalhadora.
Segundo o próprio ministro de minas e energia, essa crise pode se arrastar até 2022, onde a falta de energia elétrica e água irão afetar a vida de toda a população do país.
Toda a crise foi agravada e muito a partir do golpe de estado em 2016, com a desculpa que bastaria tirar o PT do governo que tudo se resolveria. O que se demonstrou foi exatamente o contrário, tudo piorou e muito a partir disso.
Enquanto os golpistas se negam a investir no que é necessário para a vida da população e ao mesmo tempo desviam os recursos do governo para o pagamento da dívida aos bancos, enriquecendo ainda mais esse setor parasitário que destrói a economia e assim a classe trabalhadora.
Agora querem que além de cara a energia, que o povo economize para sobrar tudo para as empresas. A velha política de salvar a economia enquanto os trabalhadores amargam o desemprego de metade da classe, baixos salários, perda de direitos trabalhistas e previdenciários, inflação nas alturas e toda sorte de desgraças. Enquanto isso, a classe empresarial burguesa aumenta seus lucros.
Por isso é necessário derrotar esse governo golpista e ilegítimo comandado pelo fascista Bolsonaro, sem frente ampla, apenas pelos trabalhadores nas ruas até que o governo genocida venha a baixo, e os trabalhadores assumam o controle e administração do Estado.