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Morte aos mais pobres

Ciência imperialista: países mais pobres nem começaram a vacinar

Monopólios e governos imperialistas criam barreiras e impedem que os países mais pobres recebam vacinas.

Enquanto enormes parcelas da pequena burguesia inundam as redes sociais com a falsa esperança de serem vacinadas, nos países mais pobres do mundo nem à esperança é dado espaço. Dentre os 29 países mais pobres do mundo apenas a Guiné (também conhecida como Guiné-Conacri) realizou alguma vacinação e esta limitou-se a apenas 55 pessoas – quase todas membros do governo – de uma população total de 12 milhões.

No mesmo momento que a Guiné vacina 55 políticos e membros da burocracia local, apenas os Estados Unidos distribuíram 20 milhões de doses a seus cidadãos. Uma diferença absurda e que não diminuirá tão cedo.

Mais política e menos ciência

A ciência é vista, especialmente pela pequena burguesia, como uma entidade abstrata e desligada do mundo. Assim como todo produto do trabalho humano, a ciência é feita por pessoas, que dependem da economia e das relações sociais e produtivas para “fazer ciência”. Deste modo, a ciência nunca estará desligada da política.

Mas isto tem razão de ser. A ciência formal, como a conhecemos, surgiu junto ao capitalismo e foi uma das ferramentas da burguesia e da pequena burguesia para derrotar o feudalismo e o pulso firme da religião. A ciência formal se apresentou, no seu nascimento, como uma contradição ao dogmatismo religioso e, portanto, foi um fator de enorme progresso na sociedade. Por isso, as camadas burguesas e pequeno-burguesas da sociedade possuem a ideia romântica da ciência.

Grosso modo, a ciência é basicamente a criação e o desenvolvimento de modelos de mundo cada vez mais avançados. O intuito, com estes modelos, é estudar e desenvolver soluções para os problemas da humanidade. Obviamente, os modelos não são perfeitos e estão sempre à disposição de melhorias. Se isto não fosse verdade, duas afirmativas poderiam ser verdadeiras: (1) a humanidade teria dominado completamente a natureza, tendo solucionado todos os seus problemas existentes e imagináveis; ou (2) não seria ciência, mas um dogma, como a religião.

Esta definição, todavia, tem algumas dificuldades práticas no mundo real. Como dito anteriormente, as organizações científicas dependem de questões inerentemente políticas e econômicas. É impossível “fazer ciência” em alto nível contando apenas com paus, pedras e uma dose cavalar de boa vontade. No contexto político histórico, o produto direto do avanço científico (independente do formalismo), a tecnologia, é uma commoditie de altíssimo valor. Todo país, esteja posicionado como for dentro do tabuleiro político mundial, sabe que o desenvolvimento tecnológico é fator primordial para independência do país.

Isto fica claro no Programa de Transição de Trótski. O desenvolvimento industrial proposto por Leon Trótski não foi apenas uma maneira de criar bens para serem consumidos, mas uma maneira de financiar o desenvolvimento tecnológico e, por conseguinte, garantir a independência da revolução perante os países imperialistas.

Fica claro que o “aparato científico” está dentro de um plano político e econômico e, portanto, terá seu desenvolvimento ditado pelo mesmo. Deste modo, é uma grande falácia o pensamento simplório de colocar a vacina como uma “vitória da ciência”.

Não há “vitória da ciência”, mas uma “vitória” do plano de desenvolvimento tecnológico executado. O que ocorre atualmente é que os donos do desenvolvimento tecnológico são os imperialistas. Estes, como capitalistas, não estão interessados em “promover o bem da humanidade”, mas nos lucros próprios. A exaltação à ciência, promovida pelas parcelas politicamente confusas, nada mais é que uma exaltação aos monopólios.

O golpe imperialista

Não existe lugar algum no mundo que esteja plenamente seguro contra a COVID-19. Portanto, a vacina é uma demanda universal e imediata. Se tomado o fato de que as já cambaleantes economias capitalistas sofreram grande golpe, a vacina adquire importância ainda maior. Os países que tiverem suas populações vacinadas voltarão a produzir. Já os demais, ficarão restritos a atividades econômicas mais atrasadas, como a produção agrária. A diferença entre ricos e pobres ficará ainda maior.

Fica claro que a desigualdade entre as vacinas causará um grande golpe à classe operária dos países atrasados. Com a retração de seus mercados internos e o desaquecimento da sua produção, os países atrasados terão sua desindustrialização ainda mais acentuada. Isto criará uma ampla onda de desempregados. Podemos ver isto já ocorrendo no Brasil, onde um sem fim de indústrias são fechadas e o país, hoje, tem mais desempregados do que pessoas com empregos formais.

Os países imperialistas sabem disso e farão todo possível para garantir que recebam primeiro as vacinas. Um caso recente ocorreu na União Europeia (UE), onde o bloco “chamou a atenção” das farmacêuticas para o fato de que não permitirá que exportem vacinas para fora do bloco se não entregarem toda a produção que foi comprada pelo bloco. No fim das contas, quem “pagará o pato” será os países periféricos do capitalismo, que contentar-se-ão em receber o que sobrar e quando sobrar.

Outros países ricos, como o Canadá, chegaram a comprar mais vacinas do que o necessário. Provavelmente usarão seu estoque para melhorar sua capacidade em negociações comerciais. Diferentemente do que os sonhadores pequeno-burgueses pensam, a vacina, para os países imperialistas, é nada mais que uma nova oportunidade de negócio.

A incompetência capitalista

Os adoradores do capitalismo, que parecem estar parados no século XVIII, colocam o pútrido sistema num pedestal, como a panaceia. Entretanto, a pandemia mostrou que o sistema capitalista não possui a capacidade de atender às necessidades do ser humano.

As farmacêuticas não conseguem atender nem ao que venderam aos países imperialistas, visto caso da AstraZeneca com a UE. Cada dia mais é possível perceber que os monopólios são um fator de atraso ao desenvolvimento humano.

Os vírus existem desde tempos imemoriais. Outras pandemias virão e o sistema capitalista mostrou que não tem a capacidade de “salvar a humanidade”. Pelo contrário, a incompetência em produzir e distribuir as vacinas poderá por em risco até mesmo os já imunizados. A capacidade de mutação dos vírus é gigantesca e parece ser questão de tempo até que surja uma nova cepa a qual as vacinas não servirão, fazendo o problema voltar à estaca zero.

Vacina para todos será a vitória da classe operária

No contexto atual, é claro como a água, a única opção viável para a classe trabalhadora mundial é exigir a vacinação em escala global, para todos. Por isso, é mais do que necessário a quebra das patentes, reduzindo drasticamente o poderio dos monopólios, que, como parasitas, utilizam o dinheiro público para chantagear a todos e garantir lucros exorbitantes.

A vacina para todos será uma das maiores vitórias da classe trabalhadora no último período. Isto passa por grandes mobilizações populares. No Brasil, é mais do que necessário quebrar a inércia da esquerda, dos sindicatos e das organizações populares. É preciso mobilizar o povo – que já está nas ruas, trabalhando – para pressionar o governo ilegítimo e seus lacaios golpistas. Sem pressão popular, seguiremos apenas empilhando corpos.

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