Pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que 27% dos policiais militares são militantes bolsonaristas. Outros dados mostram, ainda, que as forças armadas, seja as Guardas Municipais, a Polícia Civil, a Força Nacional, etc, são uma das principais bases do fascismo e do bolsonarismo. É uma situação grave, a qual precisa da máxima atenção e análise da esquerda.
Pode parecer pouco, mas 27% de todo o efetivo da PM são milhares e milhares de pessoas. Além disso, como aponta a pesquisa, tratam-se de perfis de redes sociais classificados como “bolsonarismo radical” — declaradamente fãs ou militantes do presidente Jair Bolsonaro. Ou seja, os outros 73% não são de esquerda ou contra Bolsonaro, entre eles, muitos são também são bolsonaristas.
Outro dado fundamental, é que a grande maioria destes 27% não são soldados, são oficiais, o alto escalão das polícias. Isso revela uma profundidade incontável da ideologia fascista dentro da PM. É importante relembrar que o centralismo nas forças armadas é tratado a ferro e a fogo.
Um bom soldado se inspira em seus oficiais, e trata suas posições com extremo respeito e admiração. Ademais, como podemos ver no tratamento assassino diário da Polícia com a população pobre, ou nos casos do massacre do Jacarezinho e da repressão às manifestações do Fora Bolsonaro, fica evidente que as bases policiais são também, e ainda mais fascistas.
Assim, não devemos compreender que são apenas ou em grande maioria os oficiais, mas sim, que a base da PM – centenas de milhares de pessoas armadas – é cada vez mais bolsonarista. São elas que põem a mão na massa.
A pesquisa também levantou dados gerais sobre o aumento da adesão ao bolsonarismo radical entre os militares. Em relação a 2020, ele saltou 29%, principalmente entre os oficiais. Como também, 23% dos oficiais da PM participaram de ambientes radicalizados do bolsonarismo em 2021, ante 17% em 2020.
Há ainda, outros 21% dos oficiais, que interagem em páginas do que a pesquisa chama de “bolsonarismo orgânico”, ou melhor, aqueles setores que não atacam diretamente as instituições da burguesia. Ao somar os dois tipos, 44% dos oficiais da ativa participam de ambientes bolsonaristas.
Entre soldados a subtenentes, a presença em ambientes radicais é de 30%, ante 25% no ano anterior. Já entre o “bolsonarismo orgânico”, ela está em 21%, ante 16% em 2020. Isso quer dizer que 51% de todos os policiais de menores patentes apoiam as teses do presidente.
Um golpe fascista depende da mobilização das forças de segurança. O fascismo está justamente aí, e, com as arbitrariedades criminosas da direita e a capitulação colossal da esquerda diante delas, a base bolsonarista está se inflamando.
Os ataques autoritários e ineficazes da direita “civilizada” – STF, Congresso, imprensa burguesa, etc – ao Bolsonaro e aos militantes bolsonaristas, como tentativas de prisão, censura, afastamentos, etc, deu um eixo de campanha entre os fascistas. Agora, eles não apenas lutam contra a “corrupção”, mas são defensores da liberdade, são os bastiões da luta contra a fraude eleitoral, etc.
Essas campanhas, embasadas no que de fato foram medidas autoritárias, são extremamente populares. Na realidade, são pautas fundamentais da esquerda e da classe operária. Ora, quem é alvo da repressão policial e da censura, quem foi alvo do golpe de estado de 2016 e das eleições fraudulentas que elegeram Bolsonaro foram os PMs ou os coxinhas?
Não. Entretanto, a esquerda se coloca a reboque das principais instituições da burguesia. Um exemplo muito claro é a histérica campanha contra o voto impresso, levada por diversas organizações de esquerda. Outro, é a campanha contra a liberdade de expressão, que impõe limites ao que pode ser dito para defender a democracia da burguesia.
Assim, os PMs estão saindo na rua defendendo a política do Bolsonaro abertamente, ou seja, expressando sem vergonha nenhuma sua ideologia fascista. O mesmo acontece nas guardas municipais, as quais usam a PM como exemplo para se organizar, que se desenvolveram através e são quase uma filial da PM. Na Força Nacional não é diferente, o próprio Bolsonaro a utiliza como quer regularmente, e seus membros vêm da polícia e das forças armadas.
O crescimento das forças da extrema-direita é real, não apenas em discursos na imprensa. Está se encaminhando, a depender da situação, uma verdadeira possibilidade de golpe de Estado fascista. A esquerda, no entanto, está a reboque da burguesia e aposta em suas instituições para contra o bolsonarismo.
Isso simplesmente não é a realidade. Por um lado, o rápido avanço da extrema direita foge do controle da burguesia. Por outro, ele é justamente a segunda aposta da burguesia para a situação política. Dória e os “democratas” preferem o Bolsonarismo do que a esquerda. Eles farão tudo contra a mobilização popular, contra a candidatura de Lula, o que ficou claro com a tentativa de proibir os atos da esquerda em São Paulo.
No momento, é de extrema importância ser independente desse setor da burguesia. A esquerda precisa imediatamente denunciar o caráter fascista da polícia. O bolsonarismo crescente nas forças armadas mostra justamente que elas precisam acabar. Até quando a esquerda defenderá uma instituição que mata diariamente centenas de pessoas da classe trabalhadora?
Ao invés de defender o STF e confiar nas instituições burguesas para combater Bolsonaro, a esquerda precisa combatê-lo com suas próprias mãos. Já está claro, é necessário exigir o fim da PM fascista e bolsonarista, como defende o PCO. Além disso, a esquerda deve convocar também, como convocam os bolsonaristas, atos gigantescos das organizações populares contra Bolsonaro e todos os golpistas.