Em junho do ano passado, ainda durante o governo Trump, o Secretário de Estado estadunidense, Mike Pompeo anunciou o fechamento de um acordo entre as milícias curdas e uma companhia de petróleo estadunidense para a extração de petróleo na Síria.
Segundo o secretário de estado o Departamento de Estado teve participação direta na concretização do acordo fechado com a pouco conhecida empresa chamada “Energia Delta Crescente”. Esta empresa é dirigida por ex-funcionários militares e da diplomacia estadunidense. Três antigos funcionários da administração estadunidense foram identificados como estando à frente da companhia: o ex-embaixador dos Estados Unidos na Dinamarca, James Kane, o militar das forças especiais aposentado, James Raine e o antigo executivo de companhias de petróleo estadunidenses que operavam no Oriente Médio, John Durrer. O acordo ocorreu após o então presidente estadunidense haver voltado atrás em sua intenção de retirar as tropas da Síria e declarar que ali permaneceriam para proteger o petróleo.
O governo sírio qualificou o acordo como ilegal e que a transação é na verdade um roubo. Na última terça-feira o sítio russo Sputnik noticia que o vice-ministro da chancelaria russa, Sergei Vershinin denunciou perante o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que diariamente comboios de caminhões estão transportando não somente petróleo, mas também grãos, do território sírio para o Iraque.
O diplomata russo acrescentou que o contrabando ocorre num momento em que o povo sírio sofre de uma escassez aguda de alimentos básicos e gasolina e o país está sendo estrangulado economicamente em razão das sanções impostas pelos Estados Unidos e seus aliados. Durante a administração Trump foram decretadas medidas que sancionam empresas que transportem ou financiem carregamentos de petróleo para o governo legal da Síria. Segundo uma estação de televisão libanesa em 23 de março último diversos foguetes atingiram uma base militar estadunidense próxima de um poço petrolífero na província de Deir ez-Zor e acrescentou que houveram baixas entre as forças estadunidenses.
Embora a Síria seja um produtor de petróleo relativamente pequeno (0,5% da produção global em 2010, antes da invasão e menos de 0,05% em 2016) a indústria do petróleo é importante para a economia do país. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) antes da invasão estadunidense as vendas de petróleo projetadas teriam gerado uma receita de US$ 3,2 bilhões em 2010 correspondendo a 25,1% da receita total do país.
A exploração de petróleo ou quaisquer outros recursos naturais da Síria é ilegal perante as leis internacionais. O governo do Presidente Bashar Al-Assad instalado em Damasco é o governo reconhecido internacionalmente, inclusive pela ONU. Qualquer exploração das riquezas do país por agentes internacionais à revelia de Damasco só pode ser qualificada como roubo. Sem disfarces o imperialismo ianque age na Síria com a sua verdadeira identidade de gângster. O povo sírio tem passado por grandes sofrimentos diante dos ataques impiedosos de que têm sido vítimas e merecem a solidariedade de todos os trabalhadores.
