Na noite do último sábado, 13, o apartamento do advogado ativista da Frente Internacionalista dos Sem Teto (FIST), André De Paula, foi alvo de um atentado fascista. O ativista relatou, ademais, que vem recebendo ameaças anônimas no condomínio desde que ele e sua companheira passaram a protestar na varanda contra o governo genocida de Jair Bolsonaro.
“Algum tempo atrás, um cidadão desconhecido entrou no escritório da síndica e disse que ia parar com essas manifestações ‘Fora Bolsonaro’, que a gente faz, por meios não legais, quer dizer, por meios coercitivos”, disse De Paula.
Localizado no bairro do Catete, Zona Sul do Rio de Janeiro, o apartamento do ativista teve a porta completamente queimada pelo incêndio. A situação só não foi mais grave devido aos gritos de aviso e pela prontidão do porteiro do prédio em agir rapidamente para conter o fogo. Segundo relatou André, “já tinham acontecido várias ameaças por telefone, que não consegui identificar, e hoje, depois do ato ‘Fora Bolsonaro’, por ter me expressado da varanda, o que aconteceu foi que começou a entrar fumaça pela casa. As pessoas gritaram e quando fomos ver, a porta estava toda queimada. O porteiro veio e apagou o incêndio”.
Essa, portanto, não é a primeira tentativa de silenciá-lo. André e Bárbara, sua companheira, vêm sofrendo contínuas ameaças de elementos da extrema-direita. O caso, porém, já foi registrado e, de acordo com o ativista, é possível identificar quem realizou o ataque. Resta saber se a investigação chegará aos responsáveis pelo ataque, uma vez que André e sua companheira tiveram acesso negado às imagens e, ao ficarem sob a tutela da Polícia Civil, não há como ter garantias se o caso apontará para uma solução rápida nem mesmo se chegará aos envolvidos.
“Fizemos registro na delegacia, já existem imagens de quem fez, mas a síndica não quis nos prestar essa informação. A autoridade policial requisitou essas fitas, que a gente espera para saber quem foi o bolsominion que atentou contra nossas vidas e, também, a do prédio todo, porque um sinistro desse poderia nos matar e pegar fogo no edifício”, disse De Paula. Após o ataque, foi gravado um vídeo evidenciando a tentativa contra a vida dos companheiros. Aparentemente, os covardes teriam jogado uma bomba que teria provocado o incêndio, como citado na gravação. No vídeo abaixo é possível ver os danos provocados pelo ataque.
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Em resposta ao atentado, neste domingo, 14, a partir das 15 horas, realizou-se um ato de repúdio em frente ao prédio onde mora o casal. Militantes de diversas organizações, sobretudo do Partido da Causa Operária (PCO), prestaram solidariedade ao ativista e sua companheira, ambos advogados e militante da FIST. O ato, por sua vez, deu destaque à palavra de ordem como: Fora Bolsonaro e todos os golpistas.
É importante destacar que o ataque não foi por acaso. A FIST é uma organização combativa que participa do Comitê Fora Bolsonaro do RJ, está sempre nas manifestações junto com o PCO e outros setores como é o caso da Casa Nem, outro grupo que constantemente passa por ataques tanto do Estado quanto de elementos da extrema-direita. Nesse sentido, os companheiros da FIST merecem toda a nossa solidariedade e apoio incondicional na luta contra os golpistas. Diante dessas ações de caráter abertamente fascista levadas a cabo por elementos da direita e da extrema-direita, fica ainda mais evidente a necessidade de se criar Comitês de Autodefesa. Tendo em vista a polarização política, o aumento do aparato repressivo, as constantes ameaças dos bolsonaristas e de um eventual fechamento do regime, torna-se elementar a auto-organização da esquerda em Comitês de Autodefesa para a proteção da militância e de toda a esquerda.
Assim como André De Paula e Bárbara, outros militantes de esquerda estão constantemente em risco; seja pelas mãos do aparato repressivo do Estado, como foi o caso da recente prisão do militante André Constantine, do Partido dos Trabalhadores (PT), por policiais militares, ou por elementos e grupos de extrema-direita. Diante desses ataques, as organizações de esquerda no RJ como o Comitê Fora Bolsonaro, a FIST, o PT, PCO etc., têm que organizar uma autodefesa frequente nos protestos para se protegerem da extrema-direita. Somente a formação de destacamentos de defesa poderão garantir a segurança de toda a militância de esquerda contra as milícias de extrema-direita e do aparato repressivo do Estado. Após inúmeros ataques de milícias e de policiais contra camponeses, sindicalistas, parlamentares (como o caso de Marielle Franco), está claro que não se pode confiar nas instituições controladas pelos golpistas e muito menos na polícia.
É preciso organizar grupos de autodefesa que estejam prontos a defender com os meios que forem necessários e a revidar na mesma moeda se for preciso qualquer ataque sofrido pela esquerda.