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A esquerda que a direita gosta

As relações de Boulos com o outro lado

O prêmio de uma das "100 lideranças do mundo para o futuro", dado pela Revista Times, do imperialismo europeu, é mais um episódio que mostra as relações íntimas com a burguesia

Na última quarta (17), o ex-candidato a presidente da República e a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), foi premiado mais uma vez pela burguesia. Desta vez  a burguesia imperialista britânica, através da revista Time, que considerou Boulos uma das “100 lideranças do mundo para o futuro”.

Segundo a revista:

“…a fragmentada esquerda do Brasil tem lutado principalmente para se unir atrás de um líder para desafiar a extrema direita. Guilherme Boulos começou a mudar isso, impulsionado por uma candidatura a prefeito de São Paulo em novembro. Nascido e criado na cidade – a maior da América do Sul – Boulos trabalhou por duas décadas como organizador comunitário em bairros pobres…”

A revista imperialista coloca Boulos como um grande líder nacional, em oposição ao Partido dos Trabalhadores (PT), para tal, baseia-se no resultado das eleições municipais de São Paulo e utiliza o estilo de redação muito semelhante ao do jornal burguês Folha de S. Paulo, um dos principais a apoiar Boulos:

“Um mês antes do primeiro turno, ele estava em quarto lugar como candidato de um partido minoritário, com apenas 10% dos votos esperados. Mas, ao conquistar os jovens e energizar eleitores desiludidos com a esquerda dominante do Partido dos Trabalhadores, Boulos derrotou o candidato preferido de Bolsonaro e outros para chegar ao segundo turno. No final, ele perdeu a eleição – ganhando 40,6% dos votos contra 59% do titular do cargo de centro-direita  – mas analistas disseram que seu desempenho chocante na cidade influente o estabeleceu como uma figura ascendente na política brasileira e deu à esquerda um novo caminho a seguir…”

Para finalizar, a premiação imperialista coloca Boulos como o grande líder para 2022, “segundo analistas”:

“Muitos esperam que Boulos concorra à presidência em 2022 e desempenhe um papel importante na reconstrução da força da esquerda nesse ínterim. ‘Isso não é algo que acabou [com a eleição]’, disse Boulos a um jornal brasileiro após sua derrota. ‘Nossa campanha é o início de um novo ciclo.'”

(Ciara Nugent)

Portanto, é preciso situar esta promoção da burguesia a Boulos como uma continuidade de todas as coroações e benesses patronais que ele recebeu até aqui.

 

Não vai ter Copa

 

O dirigente do MTST surgiu na política nacional como uma liderança do movimento “Não vai ter Copa”, que criticava a realização da Copa do Mundo no Brasil e fazia coro com a direita golpista, que queria desgastar o governo da presidenta Dilma Roussef (PT), dado que em 2014 ocorreriam eleições presidenciais e Dilma era candidata a reeleição, apoiada pelo ex-presidente Lula.

Foi assim que a realização do maior evento esportivo do mundo, no Brasil, tornou-se uma enorme peça de campanha política contra o governo do PT, que teve como movimento menores “secar” a seleção brasileira, o que resultou no famoso “7 a 1”, derrota do Brasil para a Alemanha e mais tarde numa vitória de Dilma por uma margem muito pequena sobre Aécio (PSDB) e ainda no próprio golpe de Estado de 2016.

 

Coluna na Folha

 

Foi nesta época que Boulos ganhou uma coluna no principal jornal burguês do País, a Folha de S. Paulo, para servir como um crítico do governo do PT “pela esquerda”. Foi neste período, já em 2015, que tomou força a campanha contra o “ajuste fiscal” de Dilma, do qual Boulos era um dos principais críticos. No mesmo ano, em entrevista à Carta Capital, ele disse que o impeachment de Dilma era golpe, mas que não iria para rua defender seu mandato, devido ao ajuste fiscal e a composição do governo com setores da direita.

 

Frente Ampla

 

Por fim, nos últimos anos, sobretudo no ano passado, Boulos serviu como um dos principais elementos da esquerda na defesa da política da frente ampla – aliança com setores da bruguesia para esvaziar as candidaturas do PT. Foi apoiado pela Folha e pela imprensa burguesa, numa enorme manobra para tranferir os votos do PT para o PSOL e levá-lo ao 2º turno contra Bruno Covas.

 

Pai funcionário de confiança do PSDB

 

Durante este período, veio a público que seu pai, Marcos Boulos, é um funcionário de confiança do governador golpista João Doria (PSDB), um dos 25 médicos que integram o Comitê de Contingência do Coronavírus e atua como defensor da política genocida do governo na pandemia. Criticado por não ter se manifestado sobre isso, Boulos respondeu que seu pai era um funcionário concursado, um cargo técnico, mesmo sendo um dos responsáveis pela execução da política criminosa de Doria (PSDB), que levou São Paulo aos quase 60 mil mortos atuais.

 

Eleições 2020 e 2022

 

Enquanto o PSDB matava dezenas de milhares de pessoas por coronavírus no mais rico Estado do País, sob a “orientação técnica” do Comitê de Contingência do Coronavírus de Doria – formado por 25 médicos, dentre os quais  Marcos Boulos – que manteve a maior aglomeração do País (o metrô de São Paulo) funcionando o tempo todo. Guilherme Boulos disputava o 2º turno das eleições contra Bruno Covas (PSDB) e fazia uma campanha ultramoderada, elogiando empresários, a Guarda Municipal, chamando o prefeito genocida de “ponderado” e recebendo o impulsionamento gratuito de toda a imprensa golpista, que foi ponta de lança na campanha pela derrubada do governo Dilma Roussef (PT).

Não é por acaso que Boulos é colocado pela Time,  como a grande nova liderança da esquerda. Trata-se da campanha da frente ampla para isolar o PT em 2022, assim como foi feito em 2018 e Boulos assinou em baixo, participando das eleições fraudulentas, que excluíram Lula para eleger Bolsonaro.

Estes são apenas alguns episódios (há muitos mais) que mostram as relações íntimas que Guilherme Boulos (PSOL) tem com a burguesia, inclusive a imperialista.

Tal como Yaku Pérez, no Equador, Boulos é o típico esquerdista que a direita e a burguesia gostam.

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