No dia 30 de junho, o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, por meio de sua conta no Twitter, declarou: “Algumas poucas vozes sectárias dirão que é um absurdo estar no mesmo palanque que os tucanos. Temos diferenças abissais e não deixaremos de manifesta-las sempre que necessário. Mas nesse momento, qualquer partido que queira o impeachment é bem-vindo.” Essa declaração vai no sentido de uma linha política que o PSOL, PCdoB e os outros grupos vêm tentando com muita dificuldade emplacar nas manifestações, que é a de que temos que nos aliar com todo e qualquer setor que se declare anti bolsonarista, na esperança de que isso se converta em uma maior autoridade para as manifestações e em uma maior adesão do povo ao movimento.
Essa dificuldade se dá pelo fato de que, apesar de as direções não terem pudor nenhum ao fazer acordos com a corja golpista da política brasileira, neste caso representada pelo PSDB, as bases dos partidos têm uma profunda repulsa a esses setores políticos, mostrando inclusive, que a concepção da frente ampla sobre o papel dos partidos burgueses no movimento é equivocada.
Partidos como o PSDB, os chamados partidos de “centro”, sofrem na atual etapa de um sério esvaziamento político em decorrência da guinada da burguesia em direção à extrema direita e da crescente polarização da luta política brasileira. Na medida em que a situação se radicaliza, esses partidos se desgastam diante do povo, que está se radicalizando, e começam a perder a sua sustentação em um setor da burguesia, se tornando partidos à sombra desse setor burguesia, que se desloca em direção ao bolsonarismo.
Vista esta situação, é errado pensar que ao incluir esses setores no movimento, eles agregarão em algo. Pelo contrário, a inclusão desses partidos causa um retrocesso na situação política, primeiramente porque esses partidos, que agora são rejeitados pela população, passam por um processo de reabilitação política promovido pela esquerda, onde a mesma se desgasta para fazer a direita mais palatável para as bases do movimento. Em segundo lugar, eles espantam os elementos de vanguarda do movimento pela sua profunda rejeição pela população que sofreu em suas mãos, dois exemplos dessa rejeição são: O enorme apoio das bases dos partidos à expulsão do bloco do PSDB no ato do dia três de Julho, acontecimento que foi amplamente condenado pelas direções, porém enormemente apoiado pelas bases, sedentas de ódio dos tucanos e o seu papel na destruição da economia nacional e na repressão aos movimentos sociais paulistas. E o fato de que o PT foi obrigado a barrar a participação do PSDB no carro de som da esquerda, por medo da revolta das suas bases.
Observada a rejeição total da direita pelas bases e o esforço incansável da frente ampla para incluí-la na direção do movimento que está na rua, é seguro dizer que essa mobilização das direções acontece à revelia das suas bases, que não têm a oportunidade de protestar contra essas arbitrariedades pois a coordenação do movimento toma as decisões longe dos olhos daqueles que estão nas ruas protestando.