Na última quarta-feira (1º de dezembro), o ex-ministro André Mendonça teve seu nome aprovado pelo Senado para indicação ao Supremo Tribunal Federal. Mendonça é o segundo ministro indicado por Bolsonaro ao STF, tendo o primeiro sido Kassio Nunes Marques.
A grande propaganda feita com relação a Mendonça é que Bolsonaro o teria indicado por ele ser um ministro “terrivelmente evangélico”, um típico bolsonarista. O STF é o órgão em que a burguesia se apoia para fazer pressão sobre Bolsonaro o tempo todo. Por isso é que houve uma grande dificuldade em encaminhar a indicação de Mendonça pelo poder Legislativo. Sua indicação ocorreu no dia 13 de julho deste ano, mas o presidente do CCJ, Davi Alcolumbre levou cerca de quatro meses para finalmente realizar a sabatina no Senado, que é passo necessário para a aprovação de sua indicação para o Supremo.
Ao que tudo indica, no entanto, um acordo foi feito entre a burguesia e o bolsonarismo mais radical, permitindo que André Mendonça fosse finalmente sabatinado e se concretizasse sua indicação para o STF. Uma análise de Luis Nassif, do GGN, aventa a possibilidade de que isso pode ser um conluio entre os dois setores contra a candidatura de Lula em 2022, o que é bem plausível.
André Mendonça contribuirá para uma ainda maior fascistização do STF, que já é um orgão anti-democrático e fascista por si só. Haja visto as diversas ações ditatoriais tomadas por seus ministros no último período. O trabalho de Mendonça será no sentido de procurar impor a pauta bolsonarista dentro do STF, agora com apoio da burguesia, que permitiu sua indicação.
É importante destacar também o gigantesco erro cometido pelas deputadas do PT, Benedita da Silva, do Rio de Janeiro, e Rejane Dias, do Piauí. As duas procuraram convencer os senadores do PT a votar a favor da indicação de André Mendonça para o Supremo. A justificativa seria a importância de procurar aproximar o PT dos evangélicos. Trata-se de uma loucura, uma concessão às lideranças fascistas das igrejas evangélicas. Se a esquerda quer ir aos evangélicos, ela deve falar sobre a situação concreta do trabalhador, e não apoiar evangélicos bolsonaristas ou abandonar suas pautas. É justamente nesse tipo de situação que se vê mulheres de esquerda abandonando a questão do aborto e outras coisas do tipo.
O novo ministro bolsonarista é só mais um elemento que torna cada vez mais urgente a luta pelo fim do STF. Trata-se de um órgão ditatorial, com membros que não são escolhidos pelo povo e que responde diretamente às pressões da burguesia mais reacionária e inimiga da classe trabalhadora.