Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgados na sexta-feira, 21 de maio, a América Latina registrava 997.364 mortes em decorrência da pandemia do coronavírus.
A primeira nação mais atingida é o Brasil, com 448.291 óbitos oficiais. Das mortes registradas nos países latino-americanos e caribenhos, 44,3% aconteceram neste país. Em segundo lugar está o México, com 220.850 óbitos, o que equivale a 22,1% do total
Em terceiro lugar, Colômbia, com 82.743 mortes, equivalente a 8,3% do total. Na sequência aparecem Argentina, com 72.265 mortes e 7,2% do total, e Peru, com 67.034 e 6,7%.
A própria OMS destaca a subnotificação dos dados, o que dificulta uma análise precisa do desenvolvimento da doença no continente. Os números reais de mortos podem ser até três vezes maior que o registrado pelos países.
Apesar de ser uma das regiões mais atingidas do mundo, a América Latina conta com somente 3% de sua população imunizada. A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) disse que “a região é um epicentro do sofrimento da covid-19. Também deveria ser um epicentro da vacinação”.
No Brasil, o maior e mais populoso país do continente, cerca de 9,65% da população recebeu duas doses da vacina. O país trabalha com três medicamentos: AstraZeneca/Oxford, CoronaVac/Sinovac-Butantã e Pfizer-BiONtech. A vacina russa Sputnik V, produzida pelo Instituto Gamaleya de Moscou, teve sua autorização de uso negada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Por outro lado, os Estados Unidos já vacinaram 38,5% de sua população, conforme dados do Centro de Controle de Doença (CDC, sigla em inglês). No continente europeu, 16,5% da população com mais de 18 anos recebeu a imunização. A Hungria é a nação que mais aplicou vacinas, com 34,8%.
Os Estados Unidos e a União Europeia praticamente monopolizam a produção e distribuição das vacinas. Os dados mais altos de vacinação estão nesses países. Elementos da burguesia brasileira estão se deslocando para os Estados Unidos para se vacinarem, enquanto a população morre sem vacina ou à espera de leitos de UTIs nos hospitais.
A pandemia avança nos países da América Latina. No Brasil, a situação está completamente fora de controle. São milhares de mortes diárias e dezenas de milhares de novas infecções que constam nos registros oficiais. Os dados são subnotificados e manipulados pelas autoridades para esconder a realidade da população.
A política golpista no continente é a responsável pela extrema debilidade das economias nacionais e as dificuldades no enfrentamento à doença. Os sistemas públicos de saúde, como Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, foram submetidos a décadas de políticas privatistas e Parcerias Público-Privadas (PPP) que deram dinheiro para os grandes capitalistas. A saúde tornou-se um balcão de negócios, que se revela com maior clareza no período da pandemia.
O imperialismo impôs um verdadeiro apartheid mundial das vacinas. Os medicamentos e os meios de produzi-los são monopolizados pelos países capitalistas desenvolvidos. Enquanto isso, o genocídio se desenvolve na Ásia, África e América Latina. O mecanismo das patentes significa o monopólio dos laboratórios e, naturalmente, lucros astronômicos.
A disputa em relação às vacinas é uma briga de quadrilhas. Os laboratórios se enfrentam na luta pelo mercado mundial. O que menos interessa, se é que interessa, é a vida.
O imperialismo não tem qualquer preocupação humana e humanitária com relação aos destinos dos povos dos países atrasados da África, Ásia e América Latina. E isso não é de agora. Estes países são submetidos à dominação política e econômica que tem como um dos seus mais dramáticos efeitos a inviabilização do desenvolvimento nacional. A luta que estes países travam é pela sua independência nacional, condição prévia para o desenvolvimento.
Portanto, o genocídio nos países atrasados é resultado direto da política do imperialismo. O monopólio das vacinas faz com que milhões de pessoas morram em virtude da falta de aplicação de um medicamento que já existe e está disponível.
O golpe de Estado de 2016 no Brasil só foi possível graças à articulação política montada e dirigida pelo imperialismo junto à burguesia brasileira e seus representantes políticos no Congresso Nacional. Na sequência da queda da presidente Dilma Rousseff (PT), o governo capacho do imperialismo de Michel Temer implementou a PEC do congelamento e teto de gastos públicos. Este é o principal obstáculo para o enfrentamento à pandemia, já que veda o uso de recursos públicos de forma massiva para atacar o problema.
Nos demais países da América Latina e Caribe a dificuldade no combate à doença é também resultado da dominação imperialista. Os mecanismos de monopólio se centram na concentração dos meios de produção do medicamento e nas patentes.