A propaganda da burguesia é a de que tudo o que o cidadão tem direito de fazer é votar. Democracia se resume a votar a cada dois anos e respeitar as instituições do regime – instituições cada vez mais anti-democráticas. Essa seria toda a participação política permitida pela burguesia. A esquerda pequeno-burguesa, que é composta por elementos de classe média cujo desejo mais profundo é ser como os políticos burgueses, respeita essas orientações dadas pela burguesia.
A confiança cega na democracia burguesa, em suas eleições e instituições, é o que cria os chamados “craqueiros eleitorais” da esquerda. E por mais que os esquerdistas sejam adeptos de discursos radicais, ninguém resiste à possibilidade de ganhar um cargo.
É isso o que faz os partidos da esquerda estarem falando de eleições mais de um ano antes delas. Mesmo diante de um golpe de Estado, uma fraude absurda nas eleições de 2018, os esquerdistas começam a se movimentar em torno das eleições. O PSOL já lançou a candidatura de Boulos ao governo de São Paulo e a usa para fazer chantagem com o PT. Setores do PT acreditam que se se mantiveram comportados, Lula será candidato e já ganhou, ignorando todos os sinais dos golpistas de que estão dispostos a um novo golpe.
Outros grupos ainda mais viciados estão na política da frente ampla. O PCdoB, por exemplo, só pensa em como fazer para apoiar um direitista. Membros do PCdoB correm atrás do PSDB, fazem reunião com FHC, participam de atos com o MBL, elogiam Ciro Gomes. Uma verdadeira orgia em busca do voto.
A direita, logicamente, já faz campanha para seus possíveis candidatos. A Globo chegou ao extremo de transmitir o debate da prévia eleitoral do PSDB. Ciro Gomes já é um candidato certo, quase natural. Bolsonaro nem se preocupa em disfarçar sua campanha eleitoral.
Assim como ensinou a burguesia, as eleições são tudo.
Por isso, as mobilizações são boicotadas pela esquerda craqueira eleitoral. Ela quer que as manifestações se transformem em palanque eleitoral da frente ampla.
A orgia eleitoral está permitida pela burguesia. Nos jornais burgueses, os candidatos ou futuros candidatos aparecem em todas as posições, num espetáculo pornográfico atrás do voto.
Mas no meio disso tudo, há um nome que está proibido de aparecer na festa. Curiosamente, o candidato mais popular, o que lidera com folga todas as pesquisas eleitorais, Luiz Inácio Lula da Silva.
Todos estão em plena campanha eleitoral, mas basta Lula ameaçar qualquer movimentação nesse sentido para ser acusado pela burguesia de fazer campanha antes da hora e pela esquerda de não querer discutir um programa comum.
A democracia do regime golpista no Brasil não permite que o nome mais popular faça campanha. É como se Lula estivesse proscrito, como de fato foi em 2018. E só assim para a direita conseguir ganhar dele.
A esquerda pequeno-burguesa, em particular aquela que defende a frente ampla porque tem seus próprios cálculos eleitorais oportunistas, como o PSOL e o PCdoB, também se esforça para proscrever Lula.
Para as manifestações, os direitistas foram convidados de honra dessa esquerda, já Lula foi não apenas impedido de participar como procuraram calar a voz do povo que gritava seu nome.
Estamos diante de uma manobra da frente ampla, envolvendo a direita e a esquerda anti-petista, para sabotar a candidatura de Lula em prol da Terceira Via.
É preciso quebrar essa ditadura. Lula e o povo que o apoia têm o direito de fazer campanha, de mobilizar em torno de sua candidatura. Essa mobilização não é um problema meramente eleitoral, mas é um instrumento para derrotar Bolsonaro e o golpe. Afinal, Lula é o única candidato que pode derrotar Bolsonaro.