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Reflexo da crise do regime

A extrema-direita volta a assombrar a Alemanha

Partido Alternativa para a Alemanha vem ganhando cada vez mais terreno no país europeu

(*) Por Tiago Carneiro, correspondente em Luxemburgo

O cenário visto no pleito regional da Saxônia-Anhalt, localizada no território da antiga Alemanha Oriental, mostrou que a extrema direita está ganhando força na segunda potência imperialista do mundo e maior da Europa. Antes do pleito, o último realizado antes das eleições gerais de setembro, as pesquisas mostravam que o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) tinha até 26% das intenções de voto, enquanto o partido União Democrata-Cristã (CDU), que abriga a chanceler Angela Merkel, tinha até 30% das intenções de voto. É importante dizer que partidos já tradicionais, como os Verdes, a Social Democracia Alemã e o Partido Democrático Liberal (FDP) amargaram intenções de voto que variavam de 6 a 13%.  Assim, o que se viu foi uma disputa entre a extrema direita e os “conservadores”, ou seja, a direita ligada ao imperialismo (DW, 05/06/2021). 

Apesar das pesquisas mostrarem, pouco antes do pleito, um cenário de equilíbrio entre a CDU e a AfD, o resultado final mostrou uma recuperação da CDU, que conquistou 35% dos votos. Por sua vez, a AfD ficou em segundo lugar, com 23% dos votos. O terceiro lugar, com 11%, ficou com o partido dito “esquerda radical” pela imprensa burguesa, o Die Like, que se formou do sucessor do Partido Socialista Unificado da Alemanha (SED), chamado de Partido do Socialismo Democrático (PDS), com o partido Alternativa Eleitoral para o Trabalho e a Justiça Social (WASG), também oriundo da alemanha Oriental. Os partidos tradicionais, SPD, Verdes e Liberais tiveram resultados pífios, 8,2%, 6,9% e 6,1%, respectivamente. Vale ressaltar que a social democracia teve uma votação pior que nas últimas eleições, quando obteve 10,6% dos votos. No que diz respeito aos assentos, a CDU conquistou 32 dos 42 necessários para formar maioria (Wort.lu, 06/06/2021). 

A AfD vem ganhando terreno, principalmente nos estados do leste alemão. É válido ressaltar a colocação do comissário do governo federal para os estados do leste, o deputado Marco Wanderwitz, da CDU, que governa a Alemanha há 16 anos. De acordo com Wanderwitz, a extrema direita ganha terreno na Alemanha oriental porque os cidadãos dessa região são “gente que foi parcialmente socializada por uma ditadura, de modo que ainda não chegou até a democracia, mesmo 30 anos mais tarde” (DW, 05/06/2021). 

Essa declaração tem muito pouco embasamento político, além de ser extremamente preconceituosa. Em primeiro lugar, ele considera que o modelo ociental de “democracia” seria um exemplo para o mundo, e os cidadãos do “oeste”, por terem vivido sobre essa “democracia”, não seriam suscetíveis à extrema direita, o que é um engodo. Vale lembrar o que está acontecendo com a “mui democrática” França, onde a extrema direita ganhou tanta força que está liderando as intenções de votos para as eleições deste ano. Sem contar outros países “democráticos”, como os EUA e a Inglaterra. No primeiro, a extrema direita governou o mandato passado e nada de braçada na situação política atual, mesmo não sendo governo. No segundo, a extrema direita é governo. Então, viver em uma “democracia” aos moldes ocidentais não previne a extrema direita de ganhar força. 

Em segundo lugar, a declaração de Wanderwitz não leva em consideração que existe uma concentração de renda cada vez maior na Alemanha, onde a maioria dos municípios passa por uma séria dificuldade financeira. Em algumas cidades o desemprego chega a 12,5%. Além disso, a situação de pandemia aumentou a desigualdade social e o número de pessoas permanentemente em risco de pobreza é duas vezes maior do que no final dos anos 90 (DW, 10/03/2021). Assim, a extrema direita consegue capitalizar votos, principalmente nas áreas onde as contradições do sistema capitalista são mais fortes, o que é o caso do leste da Alemanha. 

Por fim, o Partido Social-Democrata Alemão, no lugar de ter uma política independente, que dê voz às reivindicações do povo trabalhador, embarcou em uma política de apoio à União Democrática Cristã, partido conservador de Angela Merkel, que é governo há mais de 16 anos. Com o afundamento da CDU, o SPD tornou-se muito mais frágil politicamente na situação atual, mostrando no que dá ficar a reboque da direita. Além disso, quando um partido de esquerda, que tem vínculos com a classe trabalhadora, segue a orientação política da burguesia, perde seu peso e sua influência política e torna-se, de certa forma, desnecessário.  A situação coloca a necessidade da luta para a Alemanha, como em todo o Mundo, na direção da construção de partidos operários que procurem organizar de forma independente a classe trabalhadora, com um programa de defesa das reivindicações da classe operária e de todos os explorados diante da crise histórica do capitalismo.

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