Nas prévias em regime censitário do PSDB, voltando ao período medieval onde o voto de um dono de terras valia muito mais que o de seu vassalo, o voto de um parlamentar do PSDB vale cerca 25.000 votos de filiados. O sistema de castas do PSDB na votação deveria ser repudiado amplamente, uma vez que o próprio regime constitucional do país estabelece o voto universal, um homem, um voto.
Tal aberração não passou desapercebida da grande imprensa. Pelo contrário, jornalista da CNN chegou a elogiar estas eleições argumentando que “pelo menos os filiados podem votar”.
Quando se trata do PSDB, sempre se acha um jeitinho de elogiar!
A disputa terminal dentro do PSDB entre BolsoLeite e BolsoDoria impediu o acordão e trouxe à tona a tendência ao esfacelamento da terceira via, mesmo com voto censitário, urna eletrônica, fraude nas filiações, compra de votos pelo Bolsonaristas usando os governos do Estado e uma infinidade de aberrações que só um partido dos bancos e uma imprensa dos bancos pode justificar.
A crise expôs publicamente, para quem quiser ver, como o sistema eletrônico de votação é totalmente antidemocrático e se presta a todo tipo de fraudes. Agora, depois de os caciques do PSDB exporem publicamente que não confiam no que aconteceu com o sistema eletrônico das prévias, elas foram parar na Polícia Federal, segundo anúncio feito pelos próprios expoentes deste partido.
Alguns dizem que foi hacker, outros que foi ineficiência do sistema, sistema este contratado a peso de ouro. Outros dizem que a questão é inconformismo com o resultado que sairia da urna eletrônica. Quem sabe o que realmente aconteceu? De repente, uma pouco de cada coisa. Este é o principal problema da urna eletrônica: não há como saber o que acontece, pois trata-se de sistema eleitoral que só os “iniciados” podem controlar. Agora os “iniciados” do PSDB querem gastar ainda mais alguns milhões para outro “conhecido” dos caciques do partido controlar o processo eleitoral através de novo aplicativo.
A democracia como o próprio nome diz — demos (povo) e kratos (“poder” ou “forma de governo” —, deveria ser o governo do povo. Mas como o povo pode exercer este governo, se nas eleições (bem inferior ao poder de um governo) ele sequer tem condições de verificar o que está acontecendo com o seu voto?
No sistema eleitoral brasileiro e nas prévias do PSDB, o eleitor tem que contratar um hacker e entrar com metralhadora nas instâncias que controlam as urnas para conseguir saber o que está acontecendo.
Trata-se, obviamente, de um sistema eleitoral onde o povo é propositalmente excluído do direito de conferir, fiscalizar e, em última instância, ter o controle da votação.
Em outras épocas, houve fraude eleitoral com voto de papel. Pelo menos, sabemos que houve fraude, as urnas fraudadas foram mostradas, os votos fraudados foram vistos. Os fiscais denunciaram, as pessoas que faziam boca de urna estavam presentes.
Hoje, na época das eleições a la prévia do PSDB, ninguém viu, ninguém acompanhou. Só os hackers, a cúpula do PSDB e os donos das empresas que vão controlar as eleições através do sistema eletrônico sabem quem ganhará as prévias e o que realmente aconteceu.
Muitos defensores do TSE de Gilmar Mendes e Barroso dizem que os partidos têm direito de fiscalização das Urnas etc. etc. O PCO nunca foi sequer convidado a participar de tais solenidades. O PSDB deve ter participado, com certeza.
No entanto, desconsiderando o cinismo de tais argumentos o fato é que partidos, entidades, profissionais de informática, hackers etc. não são o povo. No máximo, são elementos que representam determinados grupos minoritários na sociedade.
Em hipótese alguma, a democracia tolera que o controle pelo povo seja transferido para grupos totalmente sem apoio do povo, através de uma manobra tecnológica super simplória. A burguesia brasileira, os bancos e, obviamente, o PSDB consideram que a esquerda nacional é composta de verdadeiras crianças ou elementos totalmente cooptados pela escória da burguesia e do judiciário que defendem tais absurdos.
As prévias do PSDB tiveram a grande virtude de mostrar o que realmente é o sistema eletrônico de votação: uma fraude da vontade dos envolvidos.
Não por acaso, envolve o governador de São Paulo, João Doria. Talvez, por isso, tenha vindo à tona a podridão do sistema. Podridão é com ele mesmo.
Como funciona o voto censitário no PSDB
Grupo1 – filiados – peso 25% – 1,3 milhão de filiados
Grupo 2 – prefeitos e vices – peso 25% – 1.000 filiados
Grupo 3 – deputados e vereadores – peso 25% – 4.439 filiados
Grupo 4 – governadores, congresso nacional e presidente do PSDB – peso 25% – 52 filiados