No dia 10 de janeiro de 1985, pela primeira vez por meio de eleições que refletiam a luta popular contra um ditadura sanguinária, o líder revolucionário dos sandinista Daniel Ortega assumiu o governo da Nicarágua. A revolução protagonizada pela Frente Sandinista de Libertação Nacional havia derrubado o ditador Somoza, marionete dos EUA, em 1979 e instaurado um governo nacionalista liderado pelo próprio Ortega.
Em 1984 aconteceram as primeiras eleições presidenciais após a revolução e Ortega venceu com 67% dos votos no primeiro turno, tendo o segundo lugar apenas 14%. Contudo, devido as políticas equivocadas dos sandinistas, nas eleições seguintes em 1990 Ortega perdeu para Violeta Chomorro, candidata do imperialismo.
A Revolução Sandinista da Nicarágua aconteceu no contexto revolucionário iniciado após a crise de internacional do capitalismo em 1974 e a Revolução do Porto. Ela se caracterizou por assumir uma forma semelhante a da Revolução Cubana, com uma guerrilha rural armada apoiada pelas cidades, que conseguiu derrubar a ditadura de 43 anos da família Somoza apoiada pelos EUA.
O primeiro Somoza, Anastasio, teve como uma de suas primeiras medidas no governo assassinar a maior liderança popular do país, o próprio Augusto César Sandino, que liderou a luta contra a ocupação militar dos EUA nas décadas de 1920 e 1930 e que da nome a própria FSLN.
Após a tomada do poder a política da FSLN também foi semelhante a dos revolucionários cubanos, tomando uma forma de um nacionalismo radical. Contudo ao contrário do que aconteceu na ilha caribenha em que ao longo de 2 anos revolução se desenvolveu de forma socialista com a expropriação da burguesia e instauração da ditadura do proletariado, na Nicarágua a FSLN não acabou com seu maior inimigo, a quinta coluna de burgueses golpistas aliados aos EUA que tinham como principal objetivo derrubar o governo revolucionário com medo justamente do que aconteceu em Cuba se repetir.
O imperialismo dos EUA rapidamente iniciou sua intervenção extremamente violenta, foram financiados guerrilheiros mercenários que ficaram conhecidos como Contras que travavam uma luta para derrubar o governo sandinista. O país entrou em uma guerra civil que durou 9 anos e levou a morte de mais de 40 mil pessoas. O imperialismo e a burguesia nicaraguenses sustentavam os exércitos contra revolucionários, extremamente impopulares como se viu pela própria eleição de 1984 em que o Sandinismo venceu com 67% dos votos no primeiro turno. Contudo com a continuidade da guerra a conjuntura mudaria nos próximos 6 anos.
O freio na revolução organizado pelos próprios Sandinistas prova mais uma vez a teoria da Revolução Permanente de Leon Trótski “Em relação a países com uma burguesia atrasada, especificamente os coloniais e semicoloniais, a teoria da revolução permanente significa que que a genuína e completa solução para a sua tarefa de atingir a democracia e emancipação nacional só é concebível por meio da ditadura do proletariado como a liderança da nação subjugada, acima de tudo de suas massas camponesas.”
Desmoralizados com uma década de guerra, sob extrema pressão do imperialismo ao invés de expropriar a burguesia, que resolveria grande parte de seus problemas internos, os sandinistas chamam eleições gerais e são derrotados.
Em 1984 Daniel Ortega conseguiu a vitória eleitoral ainda na conjuntura revolucionária de grande mobilização das massas que teve seu ápice em 1979. Contudo com mais 6 anos de organização da contra revolução os sandinistas foram derrotados, justamente por não terem levado a revolução até as ultimas consequências, como fizeram os cubanos que resistem por mais de 60 anos até os dias de hoje.