Um problema central que a greve dos petroleiros deve superar é o isolamento. A caminho da terceira semana de greve, até o momento só estaria ocorrendo atividades em comum com os moedeiros (funcionários da Casa da Moeda, que estão em greve).
Não precisa ir longe para constatar que o desmonte da Petrobras – incluindo aí as vendas de refinarias e subsidiárias, as demissões e o arrocho salarial, a destruição do plano de saúde – é absolutamente comum às demais estatais.
Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Correios, Eletrobras, Dataprev e Serpro, além da Casa da Moeda, são estatais ou empresas públicas que estão na linha de frente da privatização pelo governo fascista de Bolsonaro.
Apenas nos últimos 10 dias as direções do Banco do Brasil e da CEF anunciaram planos de reestruturação que implicam em redução drástica de salário, transferências compulsórias, plano de demissão voluntária, além das venda já em andamento de subsidiárias de valor estratégico para ambas as empresas como a BB-DTVM a Caixa Seguros, a Caixa Loterias, entre outras. Nos Correios a situação não é diferente. O governo já anunciou que para privatizar vai demitir 40 mil trabalhadores dos 95 mil existentes, quase 40% dos seus empregados.
Essa questão é chave para os trabalhadores das estatais, mas, também, para o conjunto do movimento operário brasileiro. A greve dos petroleiros de 1995, com a sua derrota, encerrou uma longa etapa de ascenso do movimento operário no Brasil. Essa nova greve pode e tem tudo para se transformar no movimento inverso.
Na perspectiva de unir os trabalhadores das estatais a Central Única dos Trabalhadores deve cumprir um papel determinante. Aliás, esse, digamos assim, é o fator primordial para a existência de uma central: a luta pela unidade dos trabalhadores contra os patrões e o seu governo.
Caso não seja possível chamar imediatamente a greve geral dessas categorias é perfeitamente possível realizar piquetes, atos, manifestações e plenárias conjuntas. Um grande encontro nacional de trabalhadores em estatais também é uma via de ampliar a mobilização e unidades dessas categorias.
Finalmente, um fator que com certeza potencializará a unidade dessas categorias é a luta por derrubar Bolsonaro. O Fora Bolsonaro materializa, na prática, a unidade dos trabalhadores da Petrobras com os demais trabalhadores das estatais. É o mesmo patrão que impõe praticamente as mesmas medidas contra os seus funcionários, por isso juntar todos contra o governo. É uma política elementar.
Existe, ainda, uma outra questão que se depreende dessa. A unidade dos trabalhadores das estatais fatalmente abrirá caminho para uma unidade mais ampla de todos os explorados. São dezenas de milhões de desempregados e subempregados na economia informal, são os sem-terras que estão sendo assassinados no campo, são os indígenas com suas terras roubadas, professores, estudantes, aposentados, enfim, toda a população explorada que está a mercê do golpe e do fascista Bolsonaro que com certeza se levantarão diante de uma ação decidida dos trabalhadores das estatais.