A União das Associações Europeias de Futebol (UEFA) divulgou nessa semana os concorrentes ao prêmio de melhor jogador da temporada europeia 2019/2020. A ausência do craque Neymar repercutiu em diversos sites de notícias esportivas.
Concorrem ao prêmio de melhor jogador dois do clube alemão Bayern de Munique e um do inglês Manchester City. Pelo Bayern, concorrem o goleiro Neuer e o atacante Lewandowski e pelo City o meia De Bruyne. A premiação de melhor treinador conta apenas com alemães e a de melhor jogadora, uma inglesa, uma francesa e uma dinamarquesa.
Para um desatento, a preponderância alemã na disputa não teria nada a ver com a dominação econômica exercida pelo país com capitalismo mais dinâmico da União Europeia. Além do goleiro Neuer e dos três treinadores, a presença alemã na disputa aparece no polaco Lewandowski e na dinamarquesa Harder, pois ambos jogam em clubes alemães. Na disputa pelo prêmio de melhor treinador feminino, outro alemão.
Antes do anúncio dos vencedores de cada prêmio individual, já temos um grande campeão: o mercado alemão. É preciso uma boa dose de ingenuidade para pensar que a avaliação dos melhores foi norteada pela imparcialidade. A premiação de alemães ou de qualquer um que atue no futebol alemão é uma ótima publicidade para a Bundesliga e para os capitalistas alemães de empresas do setor esportivo como Adidas e Puma, entre outras.
Devemos acreditar, por exemplo, que depois de Marta não temos grandes jogadoras nas competições europeias? Além da lendária Formiga, atualmente no PSG, o quadrangular final da Liga dos Campeões contou com o futebol de Giovanna Queiroz (Barcelona) e Luana Bertolucci (PSG). A atacante Ludmila, do Atlético de Madrid, ficou de fora do confronto contra o Barcelona por suspensão.
Voltando a Neymar, em qual quesito o craque brasileiro fica devendo a Lewandowski e De Bruyne? Bom, certamente Neuer é melhor com as mãos. Mas goleiros ou zagueiros só costumam ser premiados na ausência de grandes atuações daqueles responsáveis por marcar ou ajudar a marcar gols, o momento máximo do esporte mais popular do mundo.
Quem não se lembra da insossa premiação do zagueiro italiano Fabio Cannavaro em 2006? Para prestigiar a seleção italiana, campeã mundial sobre a França, a Fifa elevou o zagueiro sobre craques como Zidane, Ronaldinho e Henry. Um prêmio à mediocridade.
Com futebol de sobra e grandes atuações na temporada europeia, Neymar fica de fora para facilitar a premiação do capital alemão. Segue a campanha imperialista contra o futebol brasileiro, uma campanha ideológica e econômica.