Dentre tantas opressões que as mulheres sofrem dentro da sociedade capitalista, a violência doméstica e até mesmo o assassinato de mulheres é algo recorrente, porém, apesar da demagogia, o Estado burguês não consegue controlar muito menos resolver esse problema social, afinal ele também é o causador dos problemas que esmagam as mulheres trabalhadoras cada vez mais, incluindo a violência doméstica. A violência contra as mulheres é usada amplamente de forma demagógica pelo Estado burguês como uma forma de criar mais e mais leis que reprimem e encarceram a população, enquanto nenhuma outra política é colocada em prática para resolver o problema, o que dificulta até mesmo a crença das próprias mulheres de que o problema será resolvido. No Distrito Federal, um levantamento de março de 2015 à outubro de 2020 concluiu que 60% das mulheres que foram vítimas de assassinatos sofreram agressões previamente pelos autores dos crimes, mas não chegaram a denunciar à polícia ou qualquer outro órgão.
Vemos a cada dia o crescimento de leis específicas para a violência contra as mulheres, mas ao contrário do que promete o Estado burguês, os crimes aumentaram e as mulheres continuam completamente desamparadas e sem nenhuma perspectiva de resolverem um problema tão grave. As leis e crimes criados para os problemas sociais das mulheres apenas perpetuam a política de repressão e encarceramento da população mais pobre, afinal quando a violência é praticada pela burguesia, seja a briga em família, o estupro, e até mesmo o assassinato, o judiciário não age e nenhum burguês é verdadeiramente “punido” com as leis do judiciário burguês, mostrando o seu caráter também de classe.
Além disso, as leis visam somente a punição daquele que comete o crime, não há nenhuma política que aja para que não ocorra reincidências ou que desta forma crie-se uma consciência sobre o verdadeiro papel da mulher na sociedade e sobre o quão grave é a prática de qualquer crime contra as mulheres e qualquer pessoa. As leis também não contemplam quem realmente precisa de atenção neste momento, que são as vítimas, ou seus familiares, no caso dos assassinatos, o que demonstra que o interesse é apenas punir e “mostrar serviço” para a sociedade, enquanto os problemas sociais das mulheres estão longe de serem resolvidos.
Outro problema grave para as mulheres trabalhadoras em relação à violência é a quem elas devem recorrer quando se deparam com o problema. É de conhecimento de toda população pobre o caráter da polícia, que em diversas situações não mede esforços para reprimir, assassinar, violentar e aterrorizar a vida de mulheres e homens, principalmente em regiões mais pobres e onde esse tipo de crime é ainda mais recorrente. Como as mulheres poderão confiar no aparelho que as reprime para resolver outros problemas de violência contra si dentro da sociedade?
Os problemas sociais das mulheres, como a violência doméstica, só serão verdadeiramente resolvidos com a organização das próprias trabalhadoras, com comitês de auto defesa, com políticas que resolvam o problema estrutural da sociedade que proporcionam que esses crimes aconteçam, e com uma mudança social para que a repressão e a opressão não sejam mais praticados nem contra as mulheres e nem contra os homens, e isso só será possível com a revolução social do Estado Operário, não na crença na justiça e nas leis burguesas.