Em declaração, o presidente fascista Jair Bolsonaro levantou suspeitas de que os erros na correção do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que ameaçam o ingresso de novos estudantes nas universidades públicas para o ano letivo de 2020, possam ser resultado de uma ação de sabotagem. O ministro Abraham Weintraub disse anteriormente em declaração nas redes sociais que o “partido radical da esquerda” inventava mentiras para aterrorizar as pessoas e que não havia nada de errado com o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e com o ENEM.
As entidades estudantis União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) denunciam o caos promovido pelo governo Bolsonaro nas provas do ENEM.
A direita bolsonarista sempre foi contra o ENEM e organiza um boicote para justificar sua extinção. Em anos anteriores, Jair Bolsonaro e a extrema-direita denunciavam que o exame era um meio inventado pelo PT de promover a doutrinação ideológica da esquerda, devido aos temas que caíam nas provas, como a questão da violência contra as mulheres, questões sobre o movimento LGBT, história da ditadura militar, historia geral do Brasil e perguntas sobre a democracia e os movimentos sociais.
O boicote organizado pela extrema-direita ao ENEM e ao SISU é uma forma de atingir as universidades públicas, alvos fundamentais da ação dos fascistas desde o golpe de Estado de 2016. O governo Bolsonaro tentou, por meio de diversas medidas, destruir as universidades e silenciar a intelectualidade que repudia o governo fascista. Fez cortes orçamentários bilionários e bloqueou verbas no MEC. Tentou retirar a autonomia universitária com a indicação de reitores pelo próprio governo. Procurou estimular a perseguição política aos professores e estudantes de esquerda ou simplesmente democráticos com o programa Escola Sem Partido. Apoiou operações policiais que tinham por objetivo constranger e perseguir professores e gestores. Buscou colocar o aparato policial para intimidar as atividades estudantis. Bolsonaro ainda aprovou medidas que atacam a UNE, com o corte de seu financiamento.
A manobra é sucatear para privatizar, que é a política geral da direita para os serviços públicos e as empresas estatais. No caso das universidades públicas, Bolsonaro segue a cartilha do Banco Mundial/FMI, que diz que não deve existir ensino superior público no Brasil, que seria uma atribuição exclusiva da iniciativa privada.