A organização Data Favela, que é uma parceria entre o Instituto Locomotiva e a Central Única das Favelas (Cufa), entre os dias 19 e 22 de junho, realizou uma pesquisa que atingiu 3.321 pessoas entrevistadas, em 239 favelas, de todos os estados brasileiros.
Os resultados da pesquisa mostram a ampliação da exclusão e da miséria da classe trabalhadora moradora nas favelas.
Segundo a pesquisa do Data Favela abrangendo dados das favelas de todo Brasil, 41% das famílias que solicitaram o miserável auxílio emergencial de R$ 600,00 não conseguiram receber nenhuma das parcelas do benefício. Praticamente sete (68%) em cada 10 famílias entraram com pedido do auxílio. Para o percentual dos que receberam o auxílio, em 96% destes casos de pessoas que receberam o benefício foi utilizado para a compra de alimentos, produtos de higiene e limpeza.
Entre as famílias que receberam doações ou estão recebendo o auxílio emergencial, oito entre 10 famílias esclareceram que não teriam condições de manter a alimentação, comprar produtos de higiene e limpeza ou pagar as contas mais básicas caso não tivessem recebido alguma doação.
O Data Favela também demonstrou quais foram as entidades que mais fizeram doações. Em primeiro lugar (69%) estão ONGs e empresas (aqui cabe uma consideração, em muitas empresas do Brasil, quem tomou a iniciativa das doações foram os próprios trabalhadores, como foi exemplo os trabalhadores da Volkswagen), seguidos de vizinhos, amigos e parentes, depois governos e, por fim, igrejas. Na ordem de doação estão alimentos, cesta básica, produtos de higiene, produtos de limpeza e dinheiro.
Outras informações importantes são de que 80% das famílias estão sobrevivendo com menos da metade da renda que tinham antes da pandemia do novo coronavírus. Dentro deste total, em 45% dos casos a renda diminuiu menos da metade, outros 35% afirmam ter perdido toda a renda mensal que tinham antes da Covid. Os que tiveram queda da renda exatamente pela metade são 11% e outros 5% tiveram queda menor que a metade e 4% não tiveram queda nos ganhos. Confirmando a inexistência quase total de assistência aos trabalhadores de parte do governo fascista.
Outro aspecto que chama muito atenção é a grande disparidade entre a taxa de desemprego de moradores de favela que são economicamente ativos e dos trabalhadores e classe média que vivem no asfalto.
Entre a população brasileira, os trabalhadores com carteira assinada somam 31%, mas dentro das favelas o número de trabalhadores empregados pela CLT diminui para 17%, menos de 1/5 da população local. A busca de emprego pelos desempregados do país que moram nas favelas também mostra a grande desigualdade, nos últimos 30 dias essa taxa foi de 20%, enquanto no asfalto cerca de 9% saíram de casa para procurar emprego.
E para finalizar a pesquisa, mostrou-se a enorme falta de acesso e inclusão à educação, onde 10% da população brasileira, encontra-se matriculada em alguma instituição de ensino. Nas favelas o índice é de apenas 3%.
Como já denunciado por este Diário, enquanto o governo fascista destinou em meados de março 1,2 trilhões para os banqueiros que estão com toda essa verba aproveitando para endividar ainda mais a população brasileira através de empréstimos a altos juros. Enquanto a grande maioria da população pobre e necessitada sequer tem atendidas as necessidades mais elementares.