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Frente para que?

Qual deve ser a política de uma frente de esquerda?

A constituição da frente de esquerda somente é possível através da luta pelo Fora Bolsonaro, Lula presidente

Recordemos que a política de alianças ou de colaboração entre as “forças progressistas” teve como uma das principais consequências o enfraquecimento das lutas populares e dos trabalhadores. Isso proporcionou o estabelecimento de um longo refluxo que perdura até hoje. Foram justamente as frentes eleitorais para ganhar eleições e formar maiorias nos parlamentos que transformaram os governos de esquerda em reféns de políticos tradicionais da direita. Uma vez que a crise se aprofundou, a burguesia mudou sua orientação política, e ao invés de fomentar governos de frente popular, abriu-se o período de rupturas dos pactos “democráticos” com o estabelecimento de golpes de Estado no Brasil e na América Latina.

Como se diz a “história se repete, primeiro como tragédia e depois como farsa”, pois bem, setores da esquerda (dentro e fora do PT) advogam que a salvação da lavoura, ou melhor, para derrotar o “bolsonarismo” é preciso a constituição de frentes eleitorais com os “progressistas” em alguns casos denominadas de “frente de esquerda” (a princípio mais restritas no seu alcance) ou mesmo “frente ampla” com setores do centro “democrático” leia-se golpista.

O artigo “Por uma Frente de Esquerda no Brasil”, escrito por Raul Pont, ex-prefeito de Porto Alegre, e dirigente da Democracia Socialista, tendência interna do PT expressa a política de frentes eleitorais, na verdade uma confluência para uma frente ampla, que se intensificou com o aumento do isolamento do PT.

Um primeiro aspecto a ser destacado é que é a luta pela formação de uma frente de esquerda, que eventualmente passa inclusive pelo terreno eleitoral tem que ter como marco político fundamental a luta contra o regime político constituído a partir do golpe de Estado de 2016. Neste sentido, uma frente de esquerda tem que ser uma frente de luta contra os golpistas, e não de aliança com partidos e políticos do golpe, ou seja, uma luta independente da burguesia e não subordinada as diferentes alas dos partidos burgueses, em especial dos partidos do centro, que dirigigiram o golpe.

Acontece que expoentes da esquerda dentro ou fora do PT, advogam uma orientação política que não é de uma frente de luta, mas uma junção de partidos, alguns dos quais apoiaram o golpe como PSB e PDT, que mesmo denominada de “ frente de esquerda”, que tem como objetivo central fomentar o enfraquecimento da polarização política, e visivelmente favorecendo a orientação da geral da burguesia de desidratar o PT, mais especificamente o setor lulista.

O texto de Raul Pont tem a pretensão de fazer uma análise histórica da formação de frentes políticas e eleitorais de esquerda no Brasil, a partir da luta contra a ditadura militar até as eleições de 2018, além de discutir as experiências internacionais de frentes de esquerda.

Em relação ao panorama histórico, o dirigente petista apresenta uma história de frente para trás, ou seja procura contrabandear a visão de que a política de alianças através de frentes é proposito supremo da esquerda.

“No campo da esquerda, o crescimento vertiginoso nos primeiros anos do PT baseado numa sólida representação sindical e sua singular organização interna, garantindo o direito de correntes internas, de tendências de opinião, fizeram com o que o Partido atraísse um grande número de grupos, movimentos organizados, pequenos partidos clandestinos regionais ou locais visando beneficiarem-se desse rápido crescimento e a atratividade do projeto de democracia interna.”

Assim, ao apresentar o desenvolvimento do PT, Pont mistifica o caráter democrático interno do PT, e não explica que o crescimento PT foi devido exatamente o contrário da tese do autor do frentismo, pois na realidade foi o fato do PT estar relativamente “ isolado” dos demais partidos da oposição, de não fazer frente eleitoral com os demais partidos ditos de esquerda, mas que sustentavam o regime, que fez o partido crescer e se desenvolver.

Notadamente, Raul Pont defende que a política de colaboração de classes estabelecida pelo PT como  uma política correta, isso partir da constituição da Frente Brasil Popular em 1989.  O que demostra como a chamada esquerda petista que se apresentava “diferente” da corrente majoritária que dirigia o PT na ocasião, no fundo era parceira na política de frente popular.

“Nos anos 90 a necessidade de unidade na esquerda tornou-se mais urgente. Com a proliferação das siglas partidárias, apesar de sua identidade ideológica e programática com o capitalismo, os partidos burgueses no Congresso buscaram uma forma de diminuir riscos.”

Dessa maneira, a esquerda através das frentes eleitorais vai conquistando paulatinamente espaço no aparelho administrativo do estado burguês, e isso é apresentado por Pont como um sinal de “amadurecimento” e “sabedoria”.  O auge dessa política é a eleição de Lula como Presidente do Brasil em 2002, e o fracasso total dessa política foi exatamente o golpe de 2016.

“Vimos no momento do golpe contra o governo Dilma e pagamos alto preço pelo comportamento dos aliados do centro e centro direita e a ausência de uma política mais consistente na construção de um bloco mais sólido e comprometido com um projeto político.”

Para Raul Pont o antidoto para evitar o “comportamento” negativo  dos aliados de centro e centro direita seria um bloco “consolidado” de esquerda, por isso, a proposta para a atualidade seria manter a política de colaboração de classe, mas formando um núcleo de “ esquerda”, a “ frente de esquerda” que evitaria o “ comportamento” golpista da direita aliada. Esse expediente é completamente irreal, e parece mais uma invenção da esquerda para justificar os mesmos erros de sempre, sem contar que os “ aliados” de esquerda como PCdoB e PSOL, bem como PDT e PSB são fomentadores da frente ampla, e são parte da articulação da burguesia para atacar a “ hegemonia” do PT, e criar uma “ nova esquerda” mais dócil.

A luta pela frente de esquerda passa pela delimitação com os setores que defendem a frente ampla, é preciso construir uma frente de luta que tenha como eixo fundamental a luta pelo Fora Bolsonaro, e por Lula presidente.

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