No dia 22 de abril, o jornal golpista Estado de S. Paulo publicou um editorial com o seguinte título: Hora de programar a retomada. Não por acaso, algumas horas antes, o igualmente golpista Jornal do Commercio havia publicado a seguinte notícia: Pernambuco prepara protocolo para retomada das atividades econômicas. Em ambos os artigos, conforme seria verificado em outros órgãos da imprensa golpista e na ação de diversos governadores, a burguesia tornou explícita aquela que é, hoje, sua principal palavra de ordem: programar a retomada!
O editorial do Estado de S. Paulo que citamos é, ao mesmo tempo que um manual de instruções para os políticos burgueses de como atuar na atual etapa da pandemia, uma ode ao ministro da Economia, o chicago boy Paulo Guedes. Segundo o ministro, “preservar os sinais vitais da economia não significaria sair do isolamento agora. (…) Significa fazer a coisa programada”.
O que significaria, portanto, uma retomada programada da economia? Significaria que, ao contrário do que o Estado está fazendo com a saúde pública, atirando-a ao caos e ao abandono, a questão mais importante para a burguesia, neste momento, seria se preparar para o fim do isolamento social. Isto é, enquanto, conforme denunciado em nosso editorial de hoje (24), o Estado se nega a testar a população e, com isso, conseguir organizar um enfrentamento real à pandemia, os capitalistas, que têm seus interesses muito bem definidos, estariam em plenas condições de programar a retomada da atividade econômica.
E a qual critério essa retomada irá seguir? É óbvio, o critério dos capitalistas, começando por aqueles que têm maior influência sobre o regime político. Conforme a programação da burguesia, as indústrias, por exemplo, irão retomar ao máximo a sua atividade, enquanto as escolas e todo e qualquer serviço diretamente ligado às necessidades do povo irá preguiçosamente se estabelecendo. Os diversos avanços que os capitalistas da educação fizeram em relação ao Ensino a Distância (EaD) mostram aonde querem chegar. Já o exemplo da Prefeitura de Curitiba, que se encontra fechada, enquanto o isolamento social está sendo desmanchado, mostra que o povo trabalhador que está morrendo de fome não deverá ter muita pressa em ser atendido.