Desde o paciente Zero, supostamente infectado em meados de Novembro de 2019, a pandemia de Coronavírus (Sars-Covid 2) vem desnudando relações econômicas que antes encontravam-se encobertas. É do conhecimento geral que os Estados Unidos, país que materializa o imperialismo preponderante no mundo, agem quase exclusivamente de modo a defender seus interesses, mesmo que isso custe a vida de milhões de pessoas em outros países, ou mesmo a vida de pobres norte-americanos.
Contudo, a ausência de equipamentos médicos suficientes para garantir a sobrevivência das pessoas acometidas pela versão mais grave da gripe, levou o país a recorrer a uma prática antiga: a pirataria.
O presidente norte-americano de ultradireita, Donald Trump, afirmou no último sábado (04) que não quer que outros países tenham acesso às máscaras N-95, já que os Estados Unidos têm um déficit do equipamento. No mundo todo, as máscaras N-95 são uns dos equipamentos utilizados pelos profissionais da saúde para reduzir a exposição ao Coronavírus, diminuindo a chance de desenvolver a doença.
Muito além da retórica
Trump não apenas diz que reterá equipamentos fundamentais no combate à doença, mas age neste sentido. Na última semana algumas denúncias ganharam notoriedade. O governo da Alemanha informou que um carregamento de máscaras, encomendado para o uso das forças policiais, foi desviado pelos Estados Unidos a partir de Bangcoc (Tailândia). A revista francesa L’Express por sua vez, denunciou que o desvio norte-americano acontece através de uma negociata escusa, na qual os americanos “recompram” mercadorias já vendidas pela China aos países europeus por até 4 vezes o preço de mercado.
O crime praticado contra o Brasil segue o mesmo rito. Na última sexta-feira (03), uma carga de 600 respiradores, no valor de R$ 42 milhões, ficou retida no aeroporto de Miami. A venda foi cancelada unilateralmente pela empresa produtora, na China, e, segundo denúncias, foi recomprado por valor superior por autoridades norte-americanas.
Para garantir a pilhagem, Trump acionou o ato de produção de defesa, criado para manter o abastecimento doméstico em tempos de guerra. Deste modo, garante o confisco de materiais de interesse público que passem pelos Estados Unidos, mesmo aqueles que tenham destino certo.
A medida, em última instância, é mais uma das faces da insistência dos estados burgueses em fazer o óbvio, estatizar as indústrias de interesse público para racionar a produção de insumos que garantam a vida dos cidadãos. Trump, como um direitista clássico, prefere fazer demagogia e tergiversar à obrigação (condenando à morte pessoas de outros países) do que ceder, mesmo que temporariamente, a uma pauta tradicional da esquerda.