Diante de mais de 182 mil mortos e 7 milhões de infectados no Brasil (em dados oficiais), os governos golpistas foram pressionados pela gravidade da situação a darem uma satisfação aos anseios da população. Genocidas – como Jair Bolsonaro (sem partido) e João Doria (PSDB) – passaram a fazer demagogia com a vacina, disputando quem será o salvador da pátria. Contra essa guerra de quadrilhas, onde o único interesse não defendido é o do povo, é preciso defender um plano nacional de vacinação sob o controle dos trabalhadores, única forma de um combate efetivo à pandemia.
Nem Bolsonaro, muito menos Doria (PSDB)
O presidente ilegítimo Bolsonaro (sem partido) sempre teve uma postura de minimizar a gravidade da pandemia. Disse que a doença era apenas uma “gripezinha”, que ter medo da doença era coisa de “marica”, que mortes ocorrem, mas “e daí” ele não é “coveiro”. Bem, após a gripezinha matar mais de 1 milhão de pessoas no mundo, rumo às 200 mil no Brasil, Bolsonaro teve que fazer concessões em determinadas questões, como a da vacina.
Recentemente ele disse em seu discurso:
“Estamos tratando de vida. Temos uma Agência Nacional de Vigilância Sanitária que sempre foi referência para todos nós, que continua tendo participação fundamental na decisão de qual vacina deve ser apresentada de forma gratuita e voluntária para todos os brasileiros.”
Essas declarações do presidente fascista são ambíguas diante das suas falas mais radicais, em que por diversas oportunidades tratou a doença como se não fosse grave. Este recuo se deve, por um lado, à gravidade da situação, que tem sido assimilada pela população nestes 9 meses de pandemia e que gera uma ansiedade pela implementação de medidas de combate ao coronavírus.
Por outro lado, tem o governador, igualmente reacionário, João Doria, ter se colocado como o grande governante preocupado com a gravidade da situação, com o “isolamento social”, o “homem da vacina”. Doria fez uma enorme propaganda da vacina Coronavac, desenvolvida em parceria entre o laboratório chinês (Sinovac) e o instituto Butantã. Para evitar que Doria se aproveitasse sozinho desta situação, o governo Bolsonaro correu para fechar parceria com a vacina norte-americana da Pfizer.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), aproveitando-se da política de Bolsonaro de negar a gravidade da pandemia, lançou-se como o grande opositor do governo federal, o governador “científico”. Desta forma, fez demagogia de todas as formas possíveis e imagináveis. A última delas, segundo a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, foi convidar os ex-presidentes Lula e Dilma a tomarem a vacina, bem como Sarney, Collor, FHC e Temer.
Mas é preciso lembrar que depois de Bolsonaro, responsável pelos mais de 182 mil mortos, Doria é o principal genocida do País! O estado de São Paulo é a unidade da Federação com mais óbitos: mais de 42 mil mortes (em dados oficiais)!
Por um plano nacional de vacinação sob o controle dos trabalhadores
Logo, como bem explicado por manchete recente do Jornal Causa Operária a “Guerra da vacina é uma guerra de quadrilhas.” Portanto, a população não deve ter nenhuma ilusão, nenhum confiança nestes governantes, nem em Bolsonaro, muito menos em Doria (PSDB). É necessário opor, contra a política destes governantes, um plano nacional de vacinação sob o controle da população.
Isto porque, tudo o que os governos golpistas fizeram até agora, foi por demagogia para responder a pressão popular, ainda que difusa (como no caso da vacina) ou a possibilidade de convulsão social (no caso do auxílio emergencial).
Desta forma, não se pode deixar a disputa restrita ao bloco golpista, com Bolsonaro de um lado e Doria de outro, ambos buscando angariar apoio para as eleições de 2022. A burguesia quer salvar o capitalismo, a pequena burguesia quer salvar seus pequenos empreendimentos.
Por isso é necessário um plano nacional de vacinação sob o controle dos trabalhadores. A esquerda precisa intervir diretamente na situação com um programa próprio, que apresente à população uma perspectiva de luta contra a extrema direita e a direita tradicional. A classe trabalhadora é a única verdadeiramente interessada em superar a pandemia.
É preciso controlar todo o processo de desenvolvimento e de distribuição da vacina. Ninguém sabe o que pode acontecer, quais serão os efeitos adversos, quem será contemplado pela imunização, em quanto tempo os demais grupos, que estão fora do grupo de risco, receberão a vacina. Há muitas variáveis, que não podem ficar a critério dos governantes.
O Partido da Causa Operária lançou, no início da pandemia, um programa com 32 pontos de reivindicações imediatas para combater o coronavírus e a crise capitalista, entre os quais havia reivindicações como:
Aumento imediato das verbas para a saúde, aumentar o número de instalações e equipamentos
- Suspensão das aulas nas escolas e universidades
- Contratação imediata de todo o pessoal da saúde necessário para enfrentar a crise
- Aumento do número de leitos nos hospitais públicos
- Distribuição gratuita da máscaras, luvas e álcool e remédios
- Formação de conselhos populares de fiscalização do serviço de saúde
- Estatização de todo o sistema de saúde
- Estatização dos laboratórios
- Estatização da produção de equipamento de saúde
- Construção de abrigos para os moradores de rua
- Aumento das vacinas disponíveis contra a gripe e abertura de mais postos de vacinação
- Proibição de cortes de luz e água
- Estabelecer sistema de testes em todos os lugares
- Suspensão do rodízio de automóveis
- Proibição das demissões
- Licença saúde paga para todos os afetados pela crise
- Redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários, formação de turnos com pessoal reduzido
- Comitês de controle do abastecimento e especulação com gêneros de primeira necessidade
- Proibição da superlotação do transporte público
- Reforço da merenda nas escolas públicas e presídios
- Soltar todos os presos provisórios, não perigosos, garantir condições de saúde adequadas
- fazer todos os estabelecimentos funcionar em turnos
- Nenhuma suspensão de direitos políticos, reunião, manifestação
- Nenhum dinheiro para os bancos e especuladores, estatização do sistema financeiro
- Nenhum dinheiro para os capitalistas, estatização das empresas falidas
- Nenhuma demissão, escala móvel de horas de trabalho
- Redução da semana de trabalho para 35 horas (7×5)
- Aumento dos valores do bolsa-família e extensão do plano para fazer frente às necessidades de saúde e da crise econômica
- Fim das privatizações, cancelamento das já realizadas
- Fora Bolsonaro, Witzel, Dória etc.
- Por uma assembleia constituinte convocada sobre a base da mobilização popular
- Por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo
Neste momento, em que se estabelece a batalha pela imunização da população, intervir com um programa próprio é única forma de lutar pela vida dos trabalhadores, contra a política genocida dos golpistas. Sem isso, a esquerda ficará a reboque da direita, que já mostrou estar aí para assassinar os trabalhadores em massa, não para vaciná-los.