Moradores da Favela do Coliseu, localizada na Vila Olímpia, bairro rico na zona sul de São Paulo, foram aterrorizados pela Polícia Militar na noite desta quarta-feira (15). Testemunhas relataram a forma truculenta que os policiais agiram contra quem estivesse na rua, jogando bombas de gás lacrimogênio e chegando a espancar um homem que teve a mão quebrada.
Os agentes da repressão do governo fascista de João Doria surpreenderam os moradores da favela ao chegarem ao local, por volta de 20h30. Inicialmente, dez policiais das Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam) chegaram tal qual batedores entrando na única rua de acesso à comunidade, sendo seguidos por cerca de 30 outros agentes com escudos e armas letais em mãos – preparados para a guerra, conforme contou à Ponte Jornalismo, a ativista Nina Zambardino.
O local onde se localiza a favela tem imissão de posse agendada para a próxima terça-feira (21), assinada pelo juiz Antônio Augusto Galvão de França. A posse do terreno foi reivindicada pela Companhia Metropolitana de Habitação para construção de casas populares. A comunidade já tinha conhecimento e acordo com a saída do terreno, conforme relataram moradores. Diante disso, a única justificativa para a operação policial é intimidar as pessoas.
Aos gritos de “É família, senhor!” e “covardes!”, é possível observar no vídeo que as pessoas repudiaram a ação da PM que chegou a ameaçar colocar fogo no local. “Falaram que iam colocar fogo em tudo. Gritamos que tinha família, criança, e um dos PMs respondeu: ‘não entrei com elas aqui, vim para resolver’.” No momento da ação, havia muitas pessoas no local, inclusive crianças jogando bola na rua. Além do homem que saiu ferido, cinco mulheres passaram mal por conta do gás das bombas.
Longe de ser um caso isolado, a ação lembra o recente massacre e assassinato de nove pessoas pelo 16º Batalhão da Polícia Militar de São Paulo que invadiu uma festa em Paraisópolis, no dia 1º de dezembro. Os jovens mortos pela PM não chegavam aos 30 anos. Além disso, assim como na Favela do Coliseu, a comunidade de Paraisópolis é localizada próximo de um bairro rico na capital paulista, o Morumbi. Após o massacre, um vídeo de uma reunião de moradores do bairro nobre com a polícia sugerindo a “destruição” do bairro vizinho viralizou na internet.
O caso ocorrido nessa semana traz novamente à tona o debate sobre a organização criminosa que é a Polícia Militar. Com a ascensão de governos direitistas, essa instituição assume um caráter ainda mais violento contra a classe trabalhadora. Só em São Paulo, até outubro de 2019, a polícia sob comando de Doria acumulou 697 mortes em “confrontos”. Um órgão que atua dessa forma sobre a população, não é admissível em uma sociedade que se queira democrática.
Portanto, a discussão sobre a PM deve ser feita no sentido de exigir a sua imediata dissolução. E essa é uma pauta popular, ao contrário do que pensa a “esquerda de gabinete”. A população, principalmente das periferias, sabe que a PM é sua inimiga e, em muitos atos contra a violência, é possível ouvir o grito que pede o fim da Polícia Militar.
Outra questão importante e que deve ser colocada como parte da solução é a organização de comitês de autodefesa nas comunidades. Já que o Estado não é capaz de oferecer a proteção que o povo precisa, visto que a violência parte dele próprio, a população deve estar organizada para enfrentar a ação repressiva dos órgãos responsáveis por fazer o “trabalho sujo” do estado burguês.
Junto com essas exigências, é preciso destacar a questão do poder político que se encontra nas mãos da direita fascista. Assim, a mobilização popular deve ser impulsionada pela esquerda e pelos movimentos sociais no sentido de exigir o fim da Polícia Militar e do governo João Doria, além da derrubada do igualmente fascista Jair Bolsonaro da Presidência da República.