Em coletiva de imprensa o governador de São Paulo, João Dória (PSDB-SP) anunciou – com pompas e circunstâncias – novas supostas medidas de combate à pandemia do coronavírus no Estado mais rico da federação.
O anúncio, um verdadeiro comício eletrônico diário do governo, foi feito em um momento em que os casos em São Paulo disparam, com as cifras oficiais (reconhecidamente subnotificadas, ou seja, falsificadas) apontando quase 9 mil casos confirmados, 588 óbitos – equivalentes a uma taxa de letalidade de 6% – o que representa um crescimento de 10% ao dia. O próprio secretário de Saúde anunciou na entrevista que havia 866 pacientes em UTI’s e dados divulgados nos últimos dias mostraram que no Estado há mais de 30 mil testes realizados que não tiveram seus resultados apurados ou divulgados.
Depois das tradicionais encenações do farsante – que já se vestiu de trabalhador da limpeza para aparentar que trabalha -, e dos rasgados elogios aos “bondosos” empresários por suas doações e da campanha eleitoral em favor do prefeito tucano da Capital, Bruno Covas, o governador anunciou, basicamente duas novas medidas: a contratação de 1.185 profissionais de Saúde e o lançamento de uma nova campanha de propaganda reforçando o “fique em casa”.
Mais de 3 mil servidores afastados e Dória vai “repor” mil
O governador, que está preparando um novo ataque contra os mais de 1,5 milhão de servidores públicos do Estado, por meio da redução dos salários, “congelados” há cinco anos, ocultou na entrevista que só a cidade de São Paulo “tem 3.055 profissionais de saúde afastados por suspeita ou confirmação do novo coronavírus. Só na Capital, foram apurados 1.935 trabalhadores afastadas, das quais 106 tiveram a confirmação da Covid-19.
Isto significa que o governo tucano, campeão mundial de ataques aos serviços públicos está promovendo uma nova devassa: a cada três servidores afastados, em plena pandemia e com previsível esgotamento do setor de saúde, somente um estaria sendo substituído. De imediato, um défict extra de mais 2 mil trabalhadores, em um sistema já totalmente capenga.
Para piorar as coisas, o governador anunciou que a maioria (925) das pouquíssimas contratações que está fazendo seriam feitas de forma precária, provisória, pelo perdido de 12 meses. Apenas 260 seria concursados que estava aguardando chamada há “séculos”, seriam efetivadas. Por certo, mais um desestímulo aos profissionais da saúde, já com salários super arrochados.
É bom lembrar que os 1.185 profissionais de saúde a serem contratados, deveriam cobrir o deficit de trabalhadores em nada menos do que 645 municípios, o que representa menos de um profissional a mais para cada cidade. Um baita reforço!
Campanha eleitoral em pleno genocídio
O governador, garoto-propaganda, do nada que está realizando no Estado mais rico do Pais, com PIB per capita equivalente a países capitalistas desenvolvidos, anunciou também;em o lançamento de uma “nova campanha de propaganda reforçando o ‘fique em casa’.”.
A medida, além de servir para financiar redes de TV e outros meios, visa dar a impressão de que os governos estão agindo e transferir a responsabilidade para a população, ou seja, pura campanha eleitoral com recursos da população.
O governador chamou a iniciativa de “campanha educativa”e disse que vai intensificar, nos próximos dias, um suposto programa de orientação da vigilância sanitária para coibir abertura de estabelecimentos e dispersar aglomerações. Belas palavras para ocultar os planos de repressão da população que o governo vem ameaçando impor, diante do fracasso total de sua política cujo único eixo é deixar parte da população em casa, esperando a morte chegar, por que o governo n!ao fez nada para aplacar a pandemia.
Para valorizar essa medida, o governador – cinicamente – anunciou como “boa notícia”, que teria dado certo o “esforço realizado” em torno do “isolamento social”que teria subido de 47 para 59% no fim de semana e anunciou o “desafio é superar a barreira dos 60%”.
O “cara-de-pau” do governo apenas “omitiu” que este suposto decréscimo (que deve ser tão verdadeiro como os números de contaminados e mortos divulgados pelo governo) teria sido alcançado porque, justamente, se tratava de um fim de semana (“feriadão”) em que milhões de trabalhadores que são obrigados a sair de suas casas todos os dias, ficaram afastados da escravidão diária e do riscos que correm diariamente trabalhando sem qualquer proteção dada pelos patrões ou pelos governos que se apresentam como “combatentes” da “guerra contra o coronavírus”.