Como já bastante noticiado aqui no Diário Causa Operária, a crise escancarada do capitalismo somada ao COVID-19 está corroendo o futebol brasileiro e mundial. Clubes, federações, patrocinadores e emissoras estão desesperadas com o golpe financeiro que estão sofrendo. Por isso, começam a especular medidas mirabolantes para tentarem se salvar.
A crise trouxe impactos violentos sobre clubes como Santo André, Mirassol, Água Santa, entre outros. Vários jogadores ficarão sem contrato, ou seja, desempregados. Os clubes também estão sendo ameaçados pela perda de receitas de televisão e patrocínios.
Hoje (15 de abril), os clubes que disputam o Campeonato Paulista têm reunião via webconferência agendada para resolverem o que vão fazer. Na mesa, há diversas propostas, uma mais desconectada da realidade que a outra.
Dentre as propostas, alguns dirigentes de clubes levantaram a possibilidade de realizar os jogos com portões fechados ou público limitado nas próximas semanas. Por um lado, alguns clubes acreditam que esta é melhor maneira para que não sofram tantas perdas. Entretanto, os clubes maiores colocam seus programas de sócio torcedor como empecilho para implementação dessa ideia.
Seja qual for o argumento, ambos mostram que estão nem aí pro futebol como esporte e pra jogadores e funcionários dos clubes. Retornar os campeonatos em plena pandemia é, no mínimo, desumanidade.
Deve-se salientar que os jogadores e funcionários dos clubes não são sequer chamados para discutir o assunto.
Reinaldo Carneiro Bastos, o presidente da FPF, em entrevista à Fox Sports, estava mais preocupado em assegurar que o Campeonato Paulista será jogado até o fim porque “o futebol de São Paulo é cumpridor de seus compromissos”. É óbvio que o recado foi dado para os patrocinadores.
O presidente da FPF afirmou que o campeonato voltará a ser jogado “de acordo com as orientações da medicina, da ciência e das autoridades públicas”. O que ele está dizendo é que basta que os patrocinadores e clubes pressionem o governo a autorizar a execução de competições esportivas, e o Campeonato Paulista se reiniciará.
Resumidamente, o que tem-se aí é que o dinheiro manda no futebol e que os torcedores, os jogadores todos os demais profissionais envolvidos e suas famílias estão em segundo plano. O que importa para federações e clubes é cumprir contratos.
Essa situação em São Paulo deve ser vista com atenção, pois a resolução tomada aí servirá de base para as demais competições. Na maioria dos Estaduais, os clubes grandes têm boa estrutura. Porém, nos demais times, os jogadores usam transporte coletivo para ir aos treinos. Fica claro que retornar os campeonatos durante a pandemia, ainda que o governo autorize, é um completo disparate.
Portanto, cabe aos jogadores e profissionais do futebol se organizarem para exigirem que os campeonatos sejam retomados apenas quando houver condições totalmente seguras para tal. Também devem ser incisivos em exigir que os contratos sejam renovados indefinidamente até o fim da pandemia e que os salários sejam pagos em dia.