O governador de São Paulo João Dória (PSDB) inaugurou nesta terça-feira (15) uma sede da Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais), além de duas delegacias em São José do Rio Preto (interior de São Paulo).
“Até dezembro de 2022, nós vamos implantar dez Deics regionais no estado de São Paulo. Este é o terceiro Deic regional e, até o final deste ano, teremos seis Deics funcionando. Nada parou, mesmo na pandemia: obras, serviços, reformas e contratação de equipamentos para a Polícia Civil”, afirmou Doria. “É um trabalho de inteligência, eficiência e tecnologia da melhor Polícia Civil, ao lado da melhor Polícia Militar do país, que estão aqui em São Paulo”, acrescentou. Somente na reforma de duas delegacias foram gastos R$ 1,8 milhão, segundo dados oficiais.
A inauguração de tais obras é um verdadeiro escárnio contra o povo de São Paulo. Num momento em que mais de metade da população ativa não tem a carteira de trabalho assinada, e que uma quantidade cada vez maior de pessoas vai morar nas ruas e/ou passam fome, inauguram-se obras destinadas a reprimir e encarcerar o povo pobre e negro.
Os presídios em São Paulo, assim como a PM e as delegacias de polícia são destinados exclusivamente para reprimir os trabalhadores e negros. Boa parte dos presos são decorrentes de pequenos delitos contra a propriedade, tráfico de drogas e muitos sequer foram julgados. Entre os julgados, muitos tiveram como principal prova a palavra de policiais militares que são a maior máquina de guerra para matar trabalhadores do próprio país no mundo. Dentro dos presídios, os presos estão isolados de seus familiares e morrendo de Covid-19 sem qualquer assistência médica, contato com advogados etc. São verdadeiros campos de concentração.
Ou seja, o povo sofre com o Covid-19, com o desemprego, com a fome e como “solução” Dória apresenta mais equipamentos para prender e massacrar uma população que vive em pemanente estado de desespero social.
A inauguração de tais obras do aparato repressivo estatal paulista foram transformadas numa espécie de ato eleitoral pelo governador de São Paulo, na véspera das eleições municipais. Dória utiliza tais ações para disputar o eleitorado de extrema-direita com o bolsonarismo.
É importante lembrar que já durante a campanha eleitoral em 2018, Dória transformou sua campanha eleitoral numa ode à repressão contra o povo, dizendo que “a pm deveria atirar para matar”, tentando se igualar e colar na campanha eleitoral fascista de Jair Bolsonaro à presidência da república. Tanto que fez a campanha defendendo o voto “Bolsodória” no segundo turno: Bolsonaro para presidente e Dória para o governo de São Paulo.
No último período, Dória se utilizou de uma demagogia barata para se opor a Bolsonaro numa espécie de ensaio do lançamento de sua candidatura presidencial para 2022. Dória criticou de maneira cínica as declarações de Bolsonaro contra a “quarentena” parcial durante a pandemia adotada de pelos governadores por um curto período, para logo em seguida recuarem de sua política sem qualquer base científica ou sanitária. Nos dois casos a pressão empresarial e dos banqueiros levaram a um verdadeiro genocídio, com mais de 130 mil mortes até o momento (sendo São Paulo o estado com mais mortes em todo mundo).
É preciso denúnciar a política genocida de Bolsonaro, Dória e todos os governadores que estão promovendo um enorme massacre contra o povo pobre e trabalhador através da pandemia e da repressão. É preciso acabar com os presídios que são verdadeiros campos de extermínio nazista, assim como extinguir todo aparato repressivo utilizado para realizar uma guerra contra o próprio povo em território nacional.