Um verdadeiro palco de conflitos entre foliões insatisfeitos com o regime político e econômico e a polícia militar (PM), foi no que se transformou o carnaval de Curitiba, em uma de suas ruas, mais especificamente no Largo da Ordem.
A confusão teria tido início por volta de 22h45 e a Guarda Municipal e a Polícia Militar (PM) estariam utilizando neste momento balas de borracha e bombas de efeito moral para dispersar a multidão. Nas redes sociais, algumas pessoas que estavam em bares do Largo da Ordem e entorno relatam estar presas nesses estabelecimentos, tentando se proteger enquanto os ânimos não acalmam.
Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ouvir muita gritaria em meio ao barulho de bombas estourando, tiros e vidros e garrafas quebrando (confira abaixo). Os primeiros relatos que chegam sobre como tudo começou apontam para uma ação mais truculenta da polícia, possivelmente em reação às confusões dos dois últimos dias.
Há pouco, inclusive, a Rone e a Cavalaria da Polícia Militar chegaram para reforçar a repressão. Nas proximidades da Casa Romário Martins, entretanto, uma nova aglomeração de pessoas já teria se formado, indicando que o clima de guerra deve persistir por mais tempo. O Siate (Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência) também já foi acionado para atender diversas ocorrências na região.
Já na madrugada de hoje a confusão teve início por volta de 4 horas, com muita pancadaria pelas ruas. Quando tudo começou havia pouco policiamento na rua e muitos estabelecimentos comerciais foram vandalizados e até mesmo saqueados.
A situação levou o prefeito de Curitiba, Rafael Valdomiro Greca de Macedo, político do Democratas (DEM), um dos partidos burgueses responsáveis pela presidência estar nas mãos da extrema direita, a anunciar no começo da tarde que reforçaria o policiamento na região do Largo da Ordem para hoje e os próximos dias.
Também, o que mais poderia se esperar do DEM há não ser a vontade de sufocar o ruído das ruas quando dela pudermos ouvir críticas, insatisfações e palavras de ordem que reclamem uma vida melhor, mais digna para a população de baixa renda, principalmente, hoje cada vez mais inchada pela desvalia, desemprego, e miséria. Mas não só ela, o desemprego também atinge a classe média.
Trotsky entendeu isso e nos esclareceu: “A premissa econômica da revolução proletária já alcançou há muito o ponto mais elevado que possa ser atingido sob o capitalismo. As forças produtivas da humanidade deixaram de crescer. As novas invenções e os novos progressos técnicos não conduzem mais a um crescimento da riqueza material. As crises conjunturais, nas condições da crise social de todo o sistema capitalista, sobrecarregam as massas de privações e sofrimentos cada vez maiores.
Em situações como essa, é de praxe a burguesia reprimir, fortemente, para que não tenha eco no seio das comunidades mais carentes, que é a grande maioria da população, o sentimento de revolta que já extravasa na boca do povo, e arrisca se expandir igual a um rastilho de pólvora. Mas isso é uma questão de tempo até que movimentos como esse se entorne pelas calçadas, e entupam os meios-fios.