Neste domingo (21), a Polícia Civil do Distrito Federal apreendeu na região de Arniqueira, a cerca de 20 km da Praça dos Três Poderes, fogos de artifício, cartazes, celulares, um cofre e anotações com planejamento de ações e discursos, usados por três grupos bolsonaristas.
A operação foi coordenada pela divisão especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor) e ocorre paralelamente ao inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre atos antidemocráticos.
Ao mesmo tempo em que o ministro golpista Alexandre de Moraes prendia a bolsonarista Sara Winter, a imprensa golpista, com o reforço da esquerda, fazia uma propaganda direitista, acusando-a de terrorista. Essa ação da Polícia do DF se baseia justamente nesta campanha reacionária, como se pode ver na declaração do próprio delegado:
“Nós investigamos crimes. Essas pessoas vêm se manifestando e, às vezes, ultrapassando o limite da liberdade de expressão e cometendo crimes contra a honra, ameaças. Quando ultrapassa esse limite isso passa a ser crime.”
A grande questão é que se há limites para a liberdade de expressão, não há como as pessoas se expressarem de forma livre. Mas, quem, para o delegado, define esses limites? Qual ser ou ente superior define quando uma opinião “passa dos limites”? É um absurdo! O Estado burguês, com o apoio da esquerda, criou o “crime de opinião”, no qual se uma pessoa se expressa e ofende alguém que tenha poder, passa a ser crime.
Obviamente que essa ideia é absolutamente estúpida e reacionária e abre um precedente para um período de perseguição brutal contra a esquerda, que vai ser impedida de se manifestar, de defender suas ideias e de expressar suas reivindicações. Este episódio é a continuação da prisão da militante bolsonarista, que no final das contas, foi presa por suas opiniões políticas, por “não respeitar” as instituições.
No entanto, num Estado democrático as pessoas não são obrigadas a aceitar as instituições como estão constituídas. Sara Winter está sendo indiciada na lei de segurança nacional e na lei de terrorismo, duas monstruosidades jurídicas criadas pela direita enquanto derrubava Dilma e criava instrumentos jurídicos totalitários para utilizar num momento oportuno contra os opositores do regime. Se hoje a arbitrariedade é contra os bolsonaristas, que são parte do regime golpista brasileiro inaugurado em 2016, ninguém deve ter dúvida de que amanhã será contra a esquerda e as organizações de luta dos trabalhadores e do povo pobre.
Por isso, nenhuma pessoa em sã consciência, sobretudo de esquerda e da classe operária, pode apoiar uma monstruosidade dessa. Pelo contrário, todos devem denunciá-la como tal.