Há uma certa fantasia de que o futebol, e os demais esportes profissionais, são negócios lucrativos. Porém, isso não passa de mentira.
Pelo contrário, o futebol é, por si, deficitário. Basta ver o endividamento dos clubes. A maioria dos clubes possuem dívidas praticamente impagáveis. Essas dívidas possuem fontes em salários e direitos trabalhistas atrasados, tributos e encargos da União, empréstimos de terceiros, dentre outras.
A situação se agrava neste momento de crise capitalista e pandemia. Segundo estudo feito por Rodrigo Capelo, estima-se que os 14 clubes analisados venham a ter perdas entre 500 milhões e 2 bilhões de reais em 2020. A faixa de valores possui essa margem grande variação devido a uma série de incertezas que ainda rondam o futebol.
Há uma pressão enorme das emissoras, especialmente Rede Globo, para o retorno do futebol mesmo com portões fechados. Patrocinadores, fornecedoras de materiais esportivos e outros setores também pressionam os clubes a aceitarem o retorno ainda que pandemia esteja em processo de contágio acelerado.
Os clubes têm pouco poder para resistir à pressão capitalista. Ficam entre a cruz e a espada. Logo terão de aceitar o que está na mesa, apenas para poder continuar existindo.
Se para os times maiores a situação está bastante complicada, para os times menores, ela tende a ser insustentável. A maior parte dos clubes menores do Brasil não possui capacidade de endividamento. Assim, deixar de receber recursos da televisão e patrocinadores é a sua completa ruína.
A maioria dos jogadores de futebol, ao contrário do senso comum, ganha um salário mínimo ou menos. Com a falência dos clubes, o cenário torna-se de total desespero, pois boa parte dos jogadores não terá onde jogar hoje e num futuro próximo.
O impacto da falência dos clubes “pequenos” não deve ser subestimado. Como quase todo o sistema capitalista, o futebol tenderá sempre a ser um mercado de oligopólio. Portanto, dificilmente haverá, sem pressão dos clubes e torcedores, a recuperação destes clubes. Como projeta-se uma capacidade de redução de investimentos do Estado no pós-crise, ou seja, um aprofundamento da política neoliberal, não é de se esperar que as instituições públicas venham a socorrer os clubes de divisões inferiores. Ainda mais que estes possuem uso eleitoral limitado.
O combate à destruição do esporte brasileiro, patrimônio da cultura nacional, passa pelo fim do nauseabundo sistema capitalista. Então, é necessária a mobilização dos trabalhadores pelo “Fora Bolsonaro e todos os golpistas”, convocação de eleições gerais sem impedimento de candidatos e fim da concessão pública da Rede Globo. Somente assim será possível pensar em uma solução viável e que contemple jogadores, demais profissionais e torcedores de maneira satisfatória.