Os números da epidemia do coronavírus expõem com singular dramaticidade o quadro calamitoso e caótico no qual o Brasil está imerso. O país já ostenta a terceira posição em número de mortos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Inglaterra. Quanto aos infectados, já foi rompida a barreira dos 500 mil, com registros que se elevam para a casa dos 600 mil infectados. Não pode deixar de ser dito que esses números (já muito escandalosos e assustadores) não representam o estágio real em que se encontra a epidemia no país, pois estão subnotificados, tanto no que diz respeito aos óbitos quanto ao registro de infectados pelo vírus.
No mais importante Estado da federação, economicamente mais poderoso, a epidemia está fora de controle. São Paulo ostenta números verdadeiramente alarmantes, expondo, em todas as suas vertentes, a grande farsa por detrás da suposta eficácia das autoridades políticas e sanitárias paulista, em primeiro lugar, a fraudulenta, reacionária e farsesca gestão do governador João Doria, exaltado, inclusive por setores da esquerda, como eficaz gestor no combate à pandemia.
Sob a gestão (desastrosa, reacionária, violenta e opressora) do governador “científico” bolsonarista, o número de infectados e mortos não para de crescer, batendo recordes atrás de recordes negativos da epidemia. As últimas medidas do governador direitista não deixam dúvidas sobre o caráter reacionário e genocida de sua política diante da pandemia. Doria liberou geral no Estado, sendo acompanhado por diversos prefeitos do interior, que já flexibilizaram o isolamento, atendendo aos apelos dos capitalistas estaduais, que pouco se importam com o sofrimento da população, colocando seus interesses e o lucro acima de qualquer outro valor, incluindo aí a própria vida.
Um situação que ilustra este completo descaso com a saúde e a segurança sanitária da população ficou estampada na compra que o Estado realizou para equipar hospitais de campanha que foram montados para o atendimento (precário e muito aquém do necessário) de uma parte da população. Foram adquiridos, junto a um fabricante chinês, respiradores para um desses hospitais. No entanto, em comunicado, os responsáveis pela compra informaram que os aparelhos somente chegarão em setembro. “Prevista inicialmente para maio, a entrega dos respiradores comprados pela gestão João Doria (PSDB) pode ficar apenas para setembro, segundo carta de uma das fabricantes chineses” (Portal IG, 05/06).
Em outras palavras: O Estado que registra o maior número de infectados e mortos pela Covid-19 no país sequer irá garantir que aparelhos respiratórios essenciais para a recuperação de pacientes acometidos pela doença, esteja disponível para que se evite a morte de mais cidadãos brasileiros. Sem os aparelhos, não há como instalar UTI’s nos hospitais de campanha. Lembrando que o custo total da operação de compra envolveu recursos na ordem de 242 milhões, já pagos antecipadamente ao fornecedor chinês.
O caso paulista é ilustrativo da situação que domina todo o trágico cenário nacional, marcado pela catástrofe e pela devastação que a epidemia vem causando ao país, ceifando vidas e dilacerando famílias em todas as regiões. Os responsáveis por esta verdadeira barbárie social não sã outros senão os golpistas (bolsonaristas ou não) que se aliaram para derrubar o governo eleito pelo voto popular em 2014, e que neste momento conduzem o país para o precipício, para o pântano movediço do caos. O governador João Dória é um dos artífices desta engenhosa operação golpista, reacionária, direitista, que todo o país testemunha e registra como uma das mais trágicas páginas de sua história.