Bolsonaro é uma continuidade, ou melhor dizendo, um aprofundamento do golpe que vinha sendo articulado por setores imperialistas dos EUA em parceiria com a burguesia nacional, e culminou com a derrubada da presidenta Dilma Rousseff, após sua reeleição.
Quem reconhece esta continuidade é o próprio Michel Temer, vice de Dilma, que inicou o desmonte das pequenas políticas sociais petistas e reinaugurou um ataque ao país no típico estilo neoliberal. Foi sob o governo interino deste usurpador que se começaram a desarticular os programas como Minha Casa Minha Vida, Luz Para Todos, Bolsa Família, Ciências Sem Fronteiras, Mais Médicos e tantos outros. Foi o início do congelamento dos gastos públicos com saúde, educação, pesquisa, infraestrutura, sob a PEC do Corte de Gastos. Foi o acirramento das políticas repressivas contra a população pobre, com intervenções militares em alguns estados, convocações das Forças Armadas e das Forças de Segurança Nacional para reprimir manifestações, etc. Temer também acelerou o processo de desmonte das empresas públicas e de privatizações, e iniciou os ataques contra os direitos dos trabalhadores, que culminaram nas “reformas” trabalhista e da previdência.
Em entrevista ao jornal golpista O Estado de S. Paulo, Temer inicia avaliando positivamente o governo de Bolsonaro. “Vai indo bem porque está dando sequência ao que fiz,” diz o presidente mais impopular de todos os tempos sobre outro que segue por igual caminho. A diferença entre ambos seria uma mera questão de “estilo”, é a maneira eufemística usada pelo traíra para descrever um governo abertamente fascista. Em seguida, Temer assume ter votado em Bolsonaro.
Há setores da esquerda articulando frentes e coligações eleitorais com partidos golpistas como o MDB de Michel Temer. Parece ignorar ou – mais provavelmente – fazer vistas grossas ao fato de que este dito “centrão”, “democrático e civilizado”, sempre serviu e sempre servirá de ponte para o fascismo. Foi com a colaboração essencial do centrão fisiológico que deu-se o golpe no Partido dos Trabalhadores e permitiu-se a formação de um governo e congresso mais bolsonaristas do que nunca!