Nem bem Bolsonaro apareceu defendendo o armamento no vídeo da reunião ministerial divulgado pela Justiça e setores da esquerda correram para a defesa impensada do desarmamento. Trouxeram à tona até mesmo uma machete do jornal Correio da Manhã de 1937 com a citação do fascista italiano Benito Mussolini de que “só um povo armado é forte e livre” para relacioná-la com a fala de Bolsonaro de que “quer todo mundo armado. Que povo armado jamais será escravizado”.
Não há dúvida e nem precisaríamos de tal comparação sobre o armamento, que Bolsonaro e os bolsonaristas são tipos fascistas. Mas o grande problema seria saber se o fascismo, assim como Bolsonaro, realmente defendem o armamento do povo como dizem no discurso ou se tudo isso não passa de mais uma demagogia, método tipicamente fascista.
Outro ponto importante a se considerar é se, independentemente da realidade da política da extrema-direita, da qual nos permitimos contestar, a política do armamento do povo é correta ou não.
Comecemos pela segunda questão. Os que olham com escândalo a defesa do armamento atribuindo-a ao fascismo se perdem em um pacifismo superficial e pueril. Segundo essa ideia, a população deveria ser alijada de seu direito democrático de se armar. Mais ainda, segundo essa ideia, o povo deveria confiar no monopólio do Estado burguês da violência. Os trabalhadores deveriam aceitar a violência policial e se submeter ao domínio dos patrões, nas fábricas e no Estado. Esqueçam a revolução!
Daí, fica claro que a política pacifista, que prega o desarmamento, é contrarrevolucionária e portanto, burguesa. Na realidade, e veremos o porquê, a real política fascista é o desarmamento.
O fascismo defende o armamento no discurso e nada mais. É a demagogia com as massas desesperadas da classe média e do lumpem-proletariado. Quem tem alguma dificuldade de compreender isso basta olhar para o governo Bolsonaro sem se confundir com a histeria da imprensa burguesa e da esquerda pequeno-burguesa.
Acreditar que Bolsonaro realmente defende o armamento é muito ingenuidade. Ele quer armar os “cidadãos de bem”, a polícia, os grupos de extrema-direita, elementos ligados à repressão, não o povo. Bolsonaro não quer armar os operários, os camponeses, sem-terra, organizações populares.
É pura demagogia, discurso e nada mais. É assim como Bolsonaro, foi assim com o fascismo.