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PT dominado pela frente ampla

No RS, CE e BA, ala direita do PT boicota o próprio partido

A ala direita do PT, influenciada pela burguesia, que procura realizar a política de frente ampla, teve uma atuação importante na sabotagem de seu próprio partido nestas eleições

As eleições municipais que transcorreram esse ano serviram para desenvolver de uma forma mais acabada a política da “frente ampla”. A frente é articulada principalmente pelos políticos da direita tradicional, que é de fato o setor que domina o regime político desde a ditadura militar. Partidos como DEM, PP ou PMDB são seus principais representantes. Alguns partidos de esquerda, como o PSOL e o PCdoB, também mergulharam de cabeça nessa política. A intenção é procurar colocar toda a esquerda a reboque dessa direita, de modo a conquistar os votos de seus eleitores, para conseguir extirpar de vez do regime a ala esquerda do PT, representa principalmente por Lula, e para enfraquecer o domínio da extrema-direita bolsonarista, que representa uma ameaça a essa direita.

Além da esquerda pequeno-burguesa e dos partidos da pseudo-esquerda, como PDT e PSB, um setor mais direitista do PT também se aliou com a frente ampla. Trata-se de uma ala do partido que nada tem a ver com seus setores mais operários, ligados aos sindicatos e aos movimentos sociais. A ala direita do PT consiste basicamente dos governadores e a maioria dos parlamentares, que se juntaram ao partido por puro oportunismo e em busca de cargos, salários e privilégios, procurando “surfar” na popularidade do maior partido de esquerda da América Latina.

Em Porto Alegre, Manu entrega a prefeitura para o MDB

Uma das alas mais ativas desse PT direitista é a que se encontra no Rio Grande do Sul, cujo líder é Tarso Genro. As eleições para prefeitura em Porto Alegre, capital do estado, demonstraram nitidamente como atua a frente ampla dentro do PT. O partido já havia elegido prefeito nessa cidade por vários mandatos e possui uma quantidade grande de eleitores gaúchos que poderiam ter empreendido uma campanha que pudesse realmente incomodar a direita na disputa pela prefeitura do município.

Ao invés disso, o que o PT fez foi lançar o ex-prefeito Miguel Rossetto como candidato a vice-prefeito e permitir que a chapa fosse encabeçada por Manuela d’Ávila, do PC do B. Conhecida por fazer uma defesa de pautas identitárias e das posições mais pequeno-burguesas da esquerda, “Manu” é uma candidata bastante impopular entre a classe operária – que é a maior parte da população e dos eleitores da esquerda em qualquer lugar. Algumas pesquisas trabalham, inclusive, com a possibilidade de que sua candidatura à vice-presidência em 2018 tenha tirado milhões de votos do PT. Por conta disso, é bastante claro que todos os votos dados a Manuela d’Ávila nessas eleições pertenciam, de fato, ao PT.

Além disso, o PC do B é um partido que está profundamente comprometido com a frente ampla. Sua direitização se reflete até no “nome-fantasia” que o partido tem apresentado para o público nesse último período: “Movimento 65”, tirando o “Comunista” do nome e eliminando símbolos como a foice e o martelo de sua propaganda, além de, é claro, remover a cor vermelha de tudo que for possível. Essa aliança do PC do B com a direita resultou em uma atuação muito tímida de Manuela nos debates durante o 2º turno e até na campanha de um modo geral. Não houve, de fato, enfrentamento com o candidato vencedor das eleições, Sebastião Melo (MDB), mas sim um jogo de comadres, uma campanha muito fraca, que levou à inevitável derrota da esquerda. O correto para o PT teria sido lançar um candidato próprio, que muito provavelmente, teria lutado mais pela vitória.

No Ceará, o governador do PT comete ato de traição contra seu próprio partido

A disputa em Fortaleza (CE) foi muito semelhante. O governador do estado, Camilo Santana, é formalmente filiado ao Partido dos Trabalhadores, no entanto a sua atuação visa sempre favorecer os setores de Ciro Gomes, que é a quem Santana realmente serve. No 1º turno, a atuação do governador foi uma traição ainda mais evidente. O PT lançou candidata própria para a disputa, a deputada federal Luizianne Lins, no entanto Camilo Santana não fez campanha em nenhum momento para ela. Todos os seus esforços foram no sentido de favorecer o candidato José Sarto, do PDT de Ciro. Por estar proibido de realizar campanha abertamente a favor de um candidato de outro partido, Santana falou através de seu pai, Eudoro Santana, e de seu irmão, Tiago Santana, que gravaram vídeos declarando apoio a Sarto, o qual venceu as eleições, no fim das contas. Uma verdadeira traição ao partido que o levou ao governo do Ceará.

Na Bahia, a ala direita do PT se mostra “amiga” do DEM

Em Salvador (BA), o PT já lançou, erroneamente, uma candidata ligada ao aparato repressivo do estado. Trata-se de major Denice, da Polícia Militar do estado da Bahia. Isso por si só já seria um demonstrativo do quanto o PT baiano se colocou a reboque da direita, mas o problema não para por aí. Os dois principais nomes do partido no estado, Rui Costa (governador) e Jacques Wagner (senador) não chegaram a fazer campanha por Denice em nenhum momento. A candidata foi lançada para perder as eleições. O clima entre Rui Costa e o DEM é muito amistoso e a verdadeira aliança política do governador estava com o atual prefeito deste partido, ACM Neto, e o candidato por ele lançado, Bruno Reis, também do DEM.

A situação nesses três locais mostra a atuação nefasta que tem a frente ampla mesmo dentro de um partido com importante presença na classe operária como o PT. Esses setores conseguiram, com a ajuda da direita, sabotar o próprio partido. Isso demonstra, primeiramente, o caráter totalmente anti-democrático dessas eleições municipais, e também o quão inútil é você eleger um governador ou um parlamentar em aliança com a burguesia. No fim das contas, esses candidatos não pertencem à classe operária, mas à própria burguesia, que os utilizou para consolidar seu golpe de estado.

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