Há poucos dias do fim das restrições de livre circulação e a reabertura das fronteiras na Itália, surgem indícios de que algumas regiões italianas, sobretudo a Lombardia, estão omitindo números de contágio por coronavírus, impedindo a população conhecer o tamanho real da crise, além de induzi-la a erro de avaliação. O alerta veio da Fundação GIMBE, uma entidade sem fins lucrativos que reúne especialistas em saúde na Itália.
Em entrevista dada à RAI24 nesta quinta feira (28/05), Nino Cartabellotta, chefe da GIMBE, levantou uma série de suspeitas sob a transparência das autoridades italianas no que diz respeito a evolução da pandemia de covid-19 no país. Cartabellotta suspeita que a intenção das autoridades, com destaque para a Lombardia, região mais afetada pela pandemia com quase 50% dos casos de óbito, é subdimensionar a crise para impedir o retorno à quarentena e restrições de trânsito regional.
Cartabellotta afirmou que “há muitos dados estranhos nos últimos três meses”, e lançou suspeitas sobre o atraso na publicação destes dados. Disse ainda que a região da Lombardia evita contabilizar novos casos, em suas próprias palavras: “É como se eles tivessem a necessidade de manter os números de contágio abaixo de um certo nível”.
Também o jornal “La Stampa”, publicou matéria informando que nas últimas semanas, outros especialistas em vírus denunciaram que os dados relativos ao número de infectados estariam sendo subestimados pelo poder público.
As autoridades rechaçaram as acusações e ameaçaram entrar na Justiça contra a GIMBE. Ainda assim, oficialmente, a Itália registrou mais de 33 mil mortes e 231 mil infectados, dos quais 16 mil mortes e 88 mil infectados são da região da Lombardia, sendo portanto, o foco da doença na Europa.
A Itália é um dos países mais ricos e industrializados do mundo, com uma importante indústria turística que representa uma grande fatia no PIB (Produto Interno Bruto) nacional. A trapaça das autoridades em mascarar a real dimensão da crise de saúde só pode ser explicada pelo desespero dos capitalistas em tentar retomar a situação pré covid-19, porém já se sabe que isso não será possível, com cinco meses de quarentena, e com o relógio ainda correndo, o mundo não sairá ileso do confinamento. Hábitos mudarão, seja pelo trauma causado pelo confinamento continuado ou pela crise financeira que afetará todo o globo, o certo é que o grande fluxo de turismo que enriquecia os capitalistas italianos, europeus e norte-americanos não terá a mesma pujança por um longo tempo.