Na tarde do dia 11 de agosto de 2020, o Grupo Especial de Fronteira da Polícia Militar do Mato Grosso com a Bolívia matou 4 indígenas de etnia Chiquitano com 24 tiros e mentiu acusando-os de serem traficantes sem nenhuma prova cabível que justificasse o ocorrido.
Quatro homens da mesma família de indígenas saírem na tarde do dia 11 por volta das 13 horas para caçar. Ao final da tarde, a família começou a se preocupar porque os que saíram, não haviam voltado. Um dos parentes que estava na cidade disse que ouvira por lá que 4 bolivianos haviam sido mortos e, ao chegar para reconhecer os corpos, o primeiro que vira foi de seu pai. Ao contar isso, começou a chorar e questionar: “O que fizeram com meu pai?!”.
O local onde haviam sido executados estava cheio de rastros de sangue, como se os corpos tivessem sido arrastados. Além disso, as costas de uma das vítimas apresentava sinais de que foi puxado, deixando no local do crime um banho de sangue que seguia por boa parte de um trajeto retilíneo. Um “banho de sangue” foi como o filho da vítima arrastada descreveu, afirmando de que as vítimas tentaram fugir na hora que ouviram os barulhos de tiro, mas que acabaram sendo atingidos. Os troncos de madeira que seguravam os arames farpados e os troncos das árvores estavam com sinais de balas nos mesmos. A suspeita é de que os policiais já estavam preparados para uma execução.
A polícia afirmou de que as vítimas eram “mulas” que estavam armadas e que reagiram à abordagem, porém nenhum sinal de sua veracidade, mas ao contrário, tudo que se sabe é que 24 tiros saíram de armas policiais e que 4 indígenas, que não tinham nenhum envolvimento ilícito, eram pessoas comuns, indígenas, pai, esposo, filho de alguém, com interesses simples como de jogar futebol aos fins de semana, praticantes de atividades como pescar e caçar, foram brutalmente assassinados sem direito a defesa.
A família ficou devastada e inclusive está sendo ameaçada. Um parente contou que no dia em que foi à cidade para ir ao mercado, encontrou com a viatura e foi abortado: “Está indo onde? (…) não fica dando bobeira aí, que… Você sabe o que aconteceu lá com esses traficantes, né? Então você toma cuidado que o próximo pode ser você.”. Diante da abordagem, a pessoa ficou quieta e sem saber o que fazer: “O que nós podemos fazer?! Nós não podemos fazer nada, eles são autoridade.”.
Antônia Areaba, liderança indígena, conta que muitas pessoas vieram perguntar se ela sabia em que problema ela estava se metendo ao ir investigar por conta própria e levar adiante o caso digno de suspeitas. Ela endaga: “Não é possível que a gente deixe que nos matem como se fôssemos qualquer pessoa. Nós somos gente indígena. Nós merecemos respeito, não atropelo e nem abuso.”.
Casos como esse em que a abordagem policial gera vítimas fatais e que por serem autoridade nada acontece é bastante comum tanto no campo, quanto nas favelas. Até quando a população será morta por quem se diz protege-la?