Depois de ganhar destaque na imprensa golpista por meio de uma série de encontros de alguns dos seus principais dirigentes com o ex-presidente e dirigente do PSDB, Fernando Henrique Cardoso (FHC), e das duras críticas que os mesmos dirigiram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo fato do mesmo não se encontrar com dirigentes sindicais pelegos e dirigentes políticos da burguesia que defenderam o golpe, a criminosa operação lava jato e sua prisão, o PCdoB ganhou espaço nesta semana para divulgar o lançamento do que denominou de “Movimento 65”, do qual foi divulgado um Manifesto, no último dia 28.
O “Movimento” adota predominantemente as mesmas cores utilizadas pelos golpistas que fizeram a campanha pela derrubada da presidenta Dilma Rousseff e pela prisão do ex-presidente Lula, mas as semelhanças com a sórdida e decadente política burguesa vão muito além disso.
O documento se propõe a apresentar os objetivos e as bandeiras políticas de tal Movimento, que o próprio Partido resume, genericamente, como sendo “reacender a esperança do povo, desbravar alternativas e buscar saídas para um país atingido pelo desastroso governo Bolsonaro”. Fórmula tão ampla que poderia ter o apoio até mesmo de integrantes do atual governo.
Como acontece como quase todas as legendas eleitorais da burguesia, o PCdoB se lança, de fato, a conseguir uma maior número de candidatos para as eleições de 2020, deixando de lado qualquer aspecto mais tradicional de sua política (ou do que muitos imaginam que seria) que possa mostrar o Partido como um partido de esquerda, de luta, do lado dos trabalhadores contra os patrões, defensor do comunismo, oposto ao golpe de Estado ou qualquer outra característica que possa “restringir” a adesão à legenda.
Sem mostrar em que, os proponentes do Movimento 65 afirmarmo-nos que o mesmo seria “uma novidade no campo democrático e progressistas para as eleições de 2020“. Quando já é quase uma tradição do Partido e de muitas outras legendas da esquerda lançar candidatos que nada tenham a ver com a atividade e o programa, supostamente, defendido pelo Partido. Veja-se por exemplo, o caso do PSOL, que na última eleição presidencial, lançou como candidato, Guilherme Boulos, que filiou-se ao Partido depois de ter seu nome lançando como candidato. Essa política é também;em tradicional na política burguesa, com os políticos patronais usando as legendas apenas como trampolim para os interesses dos grupos capitalistas que representa.
Se ingressa em um partido apenas para usá-lo para ser candidato, fosse uma novidade, Bolsonaro também teria feito algo inédito, em 2018, ao usar o PSL, depois de passar por uma meia dúzia de outras legendas reacionárias, em sua trajetória anterior. O que dizer de Ciro Gomes, ex-Arena, ex-PDS, ex-PSDB, ex-PSB, ex- PMDB, ex-PPS…. e hoje no PDT.
O PCdoB ou o “Movimento” anuncia como objetivo declarado, buscar a “adesão de lideranças populares, progressistas, patrióticas e democráticas cujo compromisso é “a defesa do Brasil, dos direitos povo, da democracia, hoje seriamente golpeados e ameaçados”. Na realidade, pressionada pela legislação eleitoral ultra reacionária e restritiva – que o PCdoB ajudou a aprovar – o Partido vai para o vale-tudo nas eleições como já evidenciou em uma série de iniciativas, sob o pretexto de buscar superar a cláusula de barreira, que também vou o Partido a se “fundir” – no ano passado – com os golpistas do Partido Pátria Livre (PPL), que – entre outras campanhas reacionárias – defenderam a derrubada do governo de Dilma Rousseff, integrado pelo PCdoB.
Segundo o governador do Maranhão e dirigente do Partio, Flávio Dino, o que se quer é “construir um espaço para discutir a boa política, bons rumos para o país e possibilitar a candidatura de pessoas progressistas às prefeituras e câmaras municipais”. O Movimento 65, chama a aprofundar a política de frente com os golpistas, que o PCdoB chama de “frente ampla”, em nome de conquistar “cidades mais humanas e acolhedoras”. De novo, frases vazias, sob medida para receber a adesão de qualquer tipo de charlatão político que se oponha à organização e luta dos explorados, contra os exploradores, único caminho real para conquistar reivindicações concretas para a maioria.