A mais recente nota técnica divulgada pelo MonitorCovid-19 da Fiocruz, demonstra a velocidade com que a epidemia do novo coronavirus se dissemina pelo Brasil.A nota revela que os casos de mortes pela doença dobram a cada 5 dias, superando países como Estados Unidos onde a duplicação é a cada 6 dias, Itália e Espanha a cada 8 , países estes duramente abatidos pelo COVID-19.
“A nossa situação hoje é pior do que a de Itália, Espanha e Estados Unidos. Por isso, o número de mortes está dobrando em um espaço de tempo menor”, afirma o Pesquisador Diego Xavier, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict) da Fiocruz , que em conjunto com geógrafos e estatísticos da entidade produzem a análise sobre o avanço da doença no Brasil.
A análise se dá através do número de óbitos no país por doenças respiratórias uma vez que as confirmações de casos por testes são em menor número. “Os dados de óbitos são mais confiáveis do que os dados de casos para medir o avanço da epidemia”, justificou Xavier. “Isso porque, no caso do óbito, mesmo o diagnóstico que não foi feito durante a evolução clínica do paciente pode ser investigado.
A nota técnica destaca também a interiorização da epidemia de forma acelerada, uma vez que a totalidade dos municípios com população acima de 500 mil habitantes já apresenta casos confirmados de COVID-19. Até mesmo municípios com menos de 20 mil habitantes já possuem confirmação da doença.
O epidemiologista alerta ainda para o perigo do afrouxamento do isolamento social, principalmente em locais sem casos confirmados em decorrência da velocidade de disseminação. “Estão tomando uma decisão muito arriscada”, disse. O pesquisador lembrou que, mesmo que não haja registro oficial, a doença já pode estar circulando.
A pesquisa da Fiocruz confirma o que já é de consenso em grande parte da sociedade , que o número de mortes é muito superior aos dados oficiais do governo, haja visto o colapso de sistemas hospitalares como o de Manaus, São Paulo e Rio de Janeiro. Sem testes para os casos suspeitos, a orientação de forma geral é que o doente fique em casa e aguarde a piora dos sintomas . Como resultado, temos os inúmeros relatos de mortes em portas de hospitais uma vez que a evolução da doença é muito rápida nos seus casos mais severos.
O afrouxamento do isolamento social e até mesmo a liberação de todo o comércio neste momento é a sentença de morte da população afetada pela doença. Se com apenas 40% de isolamento já temos estes índices de mortes e a calamidade do sistema público de saúde , somente poderemos esperar a instalação de uma situação mais catastrófica ainda com a abertura do comércio.
A burguesia, sabedora que é da real situação do COVID no Brasil, e da sua total incapacidade de apresentar uma proposta de controle da situação, uma vez que se nega a alocar de forma suficiente os recursos necessários para o combate a epidemia, opta por se unificar em torno do relaxamento do isolamento social . Entre salvar o povo e salvar seus bolsos, mais uma vez a população é abandonada à própria sorte.
Dentro desta perspectiva , os meses que se seguem trazem um horizonte sinistro para a grande maioria da população ,principalmente as camadas mais pobres que vêem aumentado o risco de contrair a doença. Há somente uma saída para a população : se negar ao retorno de aulas e trabalho, inclusive com a greve. Mas para isso, uma condição fundamental é a de que os sindicatos, os movimentos sociais sejam os instrumentos de mobilização dos explorados. A mobilização e luta são os únicos meios para exigir do governo genocida e dos capitalistas os recursos tanto para o controle da epidemia como para a fome que se instala em grande parte dos lares do país.