Seguindo o desenvolvimento político do país, que se precipita cada vez mais para um desfecho radical da luta de classes, funcionários do Ministério da Saúde estarão sujeitos ao patrulhamento ideológico exercido pelos chefes da pasta, hoje comandada diretamente por um militar, general Eduardo Pazuello.
O anúncio foi feito pela própria Comissão de Ética do Ministério, que encaminhou aos servidores um e-mail comunicando que “dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele.” O comunicado avisa ainda que “quem vê seu perfil ou posts nas redes sociais, seja no WhatsApp, Facebook, Twitter ou outras, está vendo também os comentários, fotos e informações de um agente público. As redes sociais são ferramentas muito úteis e práticas, mas devem ser usadas com cuidado.” Os destaques em negrito são do comunicado governamental, como para não deixar dúvidas.
Trata-se, claro, de um patrulhamento ideológico muito óbvio, mas é preciso destacar que o ataque contra os direitos políticos dos servidores apresenta uma forte tendência a se estender sobre o amplo conjunto da classe trabalhadora. Com o avanço cada vez maior das instituições tradicionais, dominadas pela direita centrista, e sua crescente determinação em impor medidas draconianas contra a população, o caso é mais um alerta do que aguarda os trabalhadores brasileiros, se o regime não for derrubado por uma mobilização popular.
Nesse sentido, chama a atenção também a reação do Sindicato dos Trabalhadores no Combate às Endemias e Saúde Preventiva do Estado do Rio de Janeiro (SintsaúdeRJ). Atentos ao perigo do patrulhamento realizado pelos militares, as direções deste sindicato e também da Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Condsef), fizeram a denúncia do ataque aos direitos políticos dos funcionários, porém, demonstrando uma profunda incompreensão dos tempos que vivemos, anunciaram que encaminharão a denúncia ao Ministério Público Federal.
O MPF, é preciso lembrar, continua sendo parte integrante da articulação política que não demonstrou nenhum apreço aos direitos políticos da população que elegeu Dilma Rousseff em 2014, tendo sido inclusive um destacado setor da campanha golpista. A burocracia judicial também se notabilizou pela campanha golpista que levou o ex-presidente Lula à prisão, além de tê-lo tirado do pleito de 2018 (que elegeria Bolsonaro).
Os servidores da saúde pública e a classe trabalhadora devem combater energicamente a censura e o patrulhamento imposto pelo regime golpista, mas precisa também ter a compreensão de que esta é uma batalha que não será ganha nos tribunais. Só a mobilização popular nas ruas pode derrubar o regime golpista que sustenta tais medidas e devolver os direitos roubados pela direita.